A Vigilância Sanitária interditou o laboratório PCS, em Nova Iguaçu, que fez os testes e liberou os órgãos para as cirurgias. Seis pessoas contraíram o vírus HIV ao receberem órgãos transplantados no Rio de Janeiro. A Vigilância Sanitária interditou o laboratório responsável pelos testes.
No RJ, 6 pessoas que receberam órgãos
transplantados contraíram HIV; laboratório tinha emitido atestados de segurança
dos órgãos
A Vigilância Sanitária interditou o
laboratório PCS, em Nova Iguaçu, que fez os testes e liberou os órgãos para as
cirurgias.
Por Jornal Nacional
11/10/2024 21h03
Seis pacientes são contaminados com os
vírus HIV em transplante, no Rio de Janeiro
Seis pessoas contraíram o vírus HIV ao
receberem órgãos transplantados no Rio de Janeiro. A Vigilância Sanitária
interditou o laboratório responsável pelos testes.
O recado na porta diz que o laboratório
PCS, em Nova Iguaçu, está fechado para manutenção. Mas essa não é a verdade. O
local foi interditado depois de emitir laudos errados de testes de HIV em
doadores de órgãos. O PCS era o responsável por esses testes no estado do Rio.
O resultado de um doador saiu no dia 23 de
janeiro de 2024: negativo para HIV. No dia 25 de maio, o exame de uma doadora
também deu livre do HIV. E os órgãos foram liberados para quem aguardava na
fila de transplantes.
Mas, em setembro, um paciente que havia
recebido órgão de um desses doadores foi ao hospital com sintomas neurológicos
e testou positivo para HIV. Ele não tinha o vírus antes da cirurgia. O hospital
notificou a Secretaria Estadual de Saúde, que começou a investigar como a
infecção aconteceu.
Quando um órgão é transplantado, uma
amostra do sangue do doador fica guardada em um banco de doação, para eventual
checagem. Nesse caso, ficou no Hemocentro do Rio. O Hemorio refez o teste nas
amostras, e deu positivo.
Um homem de 28 anos doou dois rins,
fígado, coração e córneas. A pessoa que recebeu o coração e as duas que
receberam os rins testaram positivo para HIV. Outra pessoa, uma mulher de 40
anos, doou dois rins e um fígado. O exame dos três receptores deu positivo. Até
o momento, a Secretaria de Saúde constatou que seis pacientes transplantados
foram infectados com o HIV.
A Vigilância Sanitária fiscalizou o
laboratório, mas não encontrou nenhum kit para teste de HIV. Os fiscais pediram
a numeração dos testes já realizados e a nota fiscal de compra dos kits para
analisar se havia algum erro de fabricação nos lotes. Mas o laboratório não
entregou nenhum documento comprovando a compra dos itens. A polícia investiga
se os testes foram realmente feitos.
O caso foi
revelado pela rádio BandNews FM e confirmado pela TV Globo.
Um dos sócios da empresa Patologia Clínica
Doutor Saleme, a PCS, é Matheus Vieira. Ele é primo do ex-secretário estadual
de Saúde, Dr. Luizinho, agora deputado federal pelo PP. O laboratório foi
contratado três meses depois da saída de Dr. Luizinho da secretaria. A
contratação para análises para transplantes foi feita em dezembro de 2023, em
um pregão, por R$ 11 milhões.
O diretor-geral da Central Estadual de
Transplantes escreveu em um ofício interno na quarta-feira (9) que a atual
gestão da Central não foi consultada ou ouvida durante todo o processo
licitatório do laboratório, nem participou da elaboração do contrato. O diretor
ressaltou que, na única oportunidade que teve de se manifestar para atestar a
qualificação técnica do laboratório PCS, questionou a sua habilitação, uma vez
que, segundo Alexandre Cauduro, não foram apresentados os documentos
necessários para avaliação.
O laboratório PCS disse que abriu uma
sindicância interna para apurar as responsabilidades do caso envolvendo
diagnósticos de HIV; e disse que, no período em que prestou serviços ao governo
do estado, usou kits de diagnóstico recomendados pelo Ministério da Saúde e
pela Anvisa.
O Ministério da Saúde, a Polícia Civil, o
Ministério Público, o Conselho Regional de Medicina e a Secretaria de Saúde
investigam o caso. 286 amostras de doadores estão sendo testadas novamente, e o
Hemorio assumiu a testagem dos doadores.
“O encaminhamento de todos os testes do
Rio de Janeiro para o Hemorio, utilizando o teste NAT, um teste de alta
qualidade produzido pela Fundação Oswaldo Cruz”, diz Nísia Trindade, ministra
da Saúde. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem o maior sistema público
de transplantes do mundo e é reconhecido como um dos mais seguros e
consolidados para esse tipo de procedimento. É o segundo país que mais faz
transplantes, atrás apenas dos Estados Unidos.
"O sistema nacional de transplante é
um sistema modelo e reconhecido mundialmente e é um sistema seguro, um sistema
que segue uma normativa do Sistema Nacional de Transplantes da Anvisa. Toda uma
cadeira de cuidado que é bastante segura e que deve seguir a risca as
recomendações, que elas existem e são regulamentadas inclusive por lei",
diz Lígia Pierrotti, coordenadora da Comissão de Infecção em Transplante da
ABTO.
“O sistema é seguro, o sistema permanecerá
seguro. Esse foi um caso sem precedentes. A gente vai buscar, a todo momento,
alguma ação necessária para corrigir, se houver, mas o sistema é seguro e está
mantido seguro. Que as pessoas doem, porque doar salva muitas vidas. Já salvou
mais de 16 mil vidas só aqui no Rio de Janeiro”, afirma Claudia Mello,
secretária estadual de Saúde do Rio de Janeiro.
Comentário:
Esses serviços de transplantes de órgãos
humanos não deveriam estar nas mãos de laboratórios privados porque esses
laboratórios não vê o ser humano e sim os cifrões do dinheiro público. Isso
afeta a credibilidade do Brasil nos meios nacionais e internacionais e nas doações
de órgãos humanos. A ganância é tão grande desse laboratório ou dessas pessoas
responsáveis pelo crime de não fazerem os testes de HIV nas pessoas doadoras e na
probabilidade de contaminar os pacientes que vão receber esses órgãos
infectados.
Ernani Serra
https://www.youtube.com/watch?v=K4O_gZE2Ar8
Pensamento: O ser humano
não tem mais a empatia pelo próximo, só tem ambição de se apropriar do lícito e
do ilícito mesmo quê, acarrete sofrimento e morte.
Ernani Serra
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