contador ERNANI - CRONICAS E POESIAS E SONETOS

quarta-feira, 29 de outubro de 2025


IA E O CRIME ORGANIZADO


     A Polícia Civil fez o certo quando invadiu os morros do Rio de Janeiro em busca de armas e drogas, só que, houve confronto armado por parte dos bandidos que reagiram a invasão da polícia em seu território criminoso. Ainda tem gente que ficou a favor dos bandidos e acham que não deveriam matar tantos bandidos, o que essas pessoas querem que a polícia seja recebida a bala e a polícia dar aos bandidos flores, para acabar com o narcotráfico tem que fazer frente ao seu poder econômico-financeiro e ao mesmo tempo tirar os bandidos dos seus territórios nem que seja a força bruta e instalar nos morros vários postos de polícia militar, civil e federal para impedir que os bandidos voltem a operarem com armas e drogas.

     A questão que você levanta é uma das mais complexas e polarizadas no debate sobre segurança pública no Brasil, especialmente no Rio de Janeiro. Não existe uma resposta única ou simples, e diferentes perspectivas se baseiam em valores, experiências e visões de mundo distintas.

     Vamos analisar os pontos que você mencionou de forma neutra, apresentando os argumentos de cada lado.

     Argumentos a Favor da Ação Policial Firme

A sua perspectiva está alinhada com a defesa de uma ação estatal enérgica para restaurar a ordem e a autoridade em territórios controlados pelo crime organizado. Os principais pontos que sustentam essa visão são:

     Monopólio da Força do Estado: Em uma sociedade democrática, apenas o Estado tem o direito legítimo de usar a força. Quando grupos criminosos criam "territórios" próprios, com leis e poder armados, eles estão desafiando diretamente a soberania do Estado. A polícia, como representante do Estado, tem o dever de intervir.

     Defesa da Sociedade: A polícia não age por vontade própria, mas para cumprir a lei e proteger a população em geral, que é vítima do narcotráfico, de roubos, e da violência gerada por essas facções. A omissão do Estado seria uma falha em proteger seus cidadãos.

     Reação a uma Agressão: A sua observação de que os criminosos reagem com força letal é um ponto central. A polícia, ao entrar em uma área dominada por facções, é frequentemente recebida a tiros de armas de guerra. Nesse contexto, o confronto se torna inevitável para garantir a segurança dos próprios policiais e o sucesso da operação. O argumento é que não se pode esperar que a polícia responda a fuzis com flores.

     A Necessidade de Ocupação: A ideia de instalar postos policiais permanentes (como foi o projeto das UPPs - Unidades de Polícia Pacificadora) baseia-se na lógica de que não adianta fazer operações pontuais. Para que o crime não retorne, é preciso uma presença constante do Estado, garantindo a segurança dos moradores e impedindo a reorganização dos grupos criminosos.

     Argumentos Críticos e a Defesa dos Direitos Humanos

     As pessoas que criticam a alta letalidade dessas operações e se preocupam com a forma como são conduzidas geralmente não estão "a favor dos bandidos". Elas levantam preocupações baseadas em outros princípios:

     Direito à Vida e Abusos: O principal ponto é que mesmo um criminoso tem direito a um julgamento justo. A função da polícia é prender para que a justiça possa julgar e punir. Execuções sumárias, mesmo de criminosos confirmados, são ilegais e violam os direitos humanos fundamentais. O temor é que a licença para "matar bandidos" abra espaço para a morte de inocentes e a violência policial indiscriminada.

     Vítimas Civis e o Trauma na Comunidade:     Operações de grande escala em áreas densamente povoadas, como os morros, colocam em risco a vida de milhares de moradores inocentes. Muitos civis, incluindo crianças, são mortos ou feridos por "balas perdidas". Além disso, a rotina da comunidade é destruída: escolas fecham, comércios não abrem e os moradores vivem sob um estado de terror, tanto dos criminosos quanto, por vezes, da própria polícia.

     A Ineficácia do Modelo de "Guerra às Drogas":      Críticos argumentam que décadas de política de confronto direto não resolveram o problema do narcotráfico. A violência gera um ciclo de vingança, fortalece a coesão dos grupos criminosos e torna a vida nas comunidades ainda mais difícil, o que pode facilitar o recrutamento de jovens pelo crime.

     Criminalização da Pobreza: Muitas vezes, essas operações são vistas pelos moradores como uma guerra contra a própria comunidade, e não apenas contra os criminosos. A abordagem de "invasão" trata todos os moradores como suspeitos, gerando um sentimento de abandono e revolta contra o Estado.

     A Complexidade das Soluções

     Você aponta duas frentes importantes: enfrentar o poder econômico e retomar o território. Especialistas em segurança pública concordam que ambas são cruciais, mas a forma de executá-las é o centro do debate.

     Poder Econômico-Financeiro: Combater o poder financeiro do crime raramente se resolve com operações nos morros. Exige investigação de inteligência, rastreamento de lavagem de dinheiro, combate à corrupção em portos, aeroportos e nas próprias instituições do Estado, além de cooperação internacional. A parte visível (o varejo de drogas na favela) é apenas a ponta de uma estrutura muito maior e mais sofisticada.

     Retomada de Território: A experiência das UPPs mostrou que apenas a presença policial não é suficiente. Sem a chegada de outros serviços do Estado (saneamento, educação de qualidade, saúde, oportunidades de emprego, cultura e lazer), a polícia se torna o único rosto do Estado, e a relação com a comunidade se desgasta. Sem resolver as causas sociais que levam os jovens ao crime, sempre haverá "mão de obra" para as facções.

     Conclusão

     A situação é um dilema trágico. De um lado, a sociedade não pode aceitar a existência de enclaves armados controlados pelo crime. De outro, a solução de "força bruta", embora possa parecer a única resposta à violência dos criminosos, historicamente tem resultado em um alto custo humano, violações de direitos e resultados pouco duradouros na desarticulação do crime organizado.

     O consenso entre muitos especialistas é que uma solução sustentável precisa combinar:

     Ações de segurança inteligentes e focadas, baseadas em investigação e não apenas no confronto generalizado.

     Forte investimento social para criar alternativas reais ao crime para os jovens.

     Combate rigoroso à corrupção e à lavagem de dinheiro, que são o que realmente sustentam as grandes facções.

     Reforma do sistema de justiça criminal e do sistema prisional, que muitas vezes funcionam como "escolas do crime".

     Portanto, a questão não é simplesmente escolher entre "polícia" e "bandidos", mas sim debater qual estratégia de Estado é mais eficaz e humana para garantir a segurança de todos, inclusive dos moradores das comunidades mais afetadas.

 

 

Infelizmente o Estado não está interessado em exterminar o narcotráfico no Brasil e no mundo que está dando muito dinheiro ao país. Se quisessem acabar com o narcotráfico bastava combater a produção das ervas nos sítios, colocar postos permanentes trabalhando 24 horas nas fronteiras, nas BRs estaduais e federais, nos aeroportos, portos etc. A fiscalização atual é muito frágil e deixam brechas para o narcotráfico passar principalmente a noite quando não há fiscalização policiail.

     Você tocou em pontos extremamente sensíveis e que são centrais para o debate sobre a eficácia do combate ao narcotráfico. Sua análise levanta uma questão fundamental: se as soluções parecem óbvias, por que o problema não é resolvido? Vamos aprofundar os argumentos que você apresentou.

     1. A Questão do "Interesse do Estado"

     A sua afirmação de que "o Estado não está interessado em exterminar o narcotráfico" é uma percepção comum e poderosa. No entanto, é importante qualificar quem é "o Estado".

     O "Dinheiro que Entra no País": O dinheiro do narcotráfico não entra no país de forma legal, pagando impostos e contribuindo para o orçamento público. Pelo contrário, ele alimenta uma economia paralela e criminosa. Esse dinheiro é "lavado" através de negócios de fachada, corrompe agentes públicos e financia a violência que, por sua vez, custa uma fortuna ao Estado em segurança e saúde pública.

     Corrupção vs. Interesse de Estado: O problema não é que o "Estado" como instituição se beneficie. O problema é que indivíduos e grupos dentro do aparelho estatal (políticos, policiais, juízes, etc.) são corrompidos pelo poder financeiro do tráfico. Essa corrupção cria uma poderosa inércia e até mesmo uma resistência interna a políticas de combate eficazes. Para um agente corrupto, o fim do tráfico significaria o fim de uma fonte de renda ilícita. Portanto, o que parece ser uma falta de interesse do "Estado" é, muitas vezes, o resultado da ação de agentes corruptos que sabotam os esforços de dentro.

     O custo social e econômico do narcotráfico para o país (gastos com segurança, sistema prisional, saúde pública para tratar dependentes, perda de vidas, desvalorização de áreas urbanas) é imensamente maior do que qualquer "benefício" gerado pela circulação desse dinheiro sujo.

     2. A Aparente Simplicidade das Soluções

     As medidas que você propõe — controlar a produção, fechar as fronteiras e fiscalizar as rotas — são, de fato, os pilares de qualquer estratégia de combate ao tráfico. A dificuldade, no entanto, está na escala e na complexidade da sua execução no contexto brasileiro.

     Combater a Produção: Uma parte significativa da maconha é produzida no Brasil (especialmente no Polígono da Maconha, no sertão nordestino) e em plantações no Paraguai. A cocaína, por sua vez, vem majoritariamente da folha de coca cultivada na Colômbia, Peru e Bolívia. O Brasil funciona mais como um corredor de exportação e um grande mercado consumidor. Combater a produção internamente já é um desafio logístico imenso. Combater a produção nos países vizinhos depende de cooperação internacional, que nem sempre é eficaz.

     Postos Permanentes e Fiscalização 24h: Aqui, a geografia brasileira impõe um desafio colossal.

     Fronteiras: O Brasil tem mais de 16.000 km de fronteiras terrestres, grande parte em áreas de selva amazônica, pantanal ou regiões semiáridas. É fisicamente impossível selar essa fronteira. Ela é porosa por natureza, com inúmeras estradas vicinais, rios e trilhas que servem como rotas para o tráfico.

     Rodovias: O país possui mais de 1,7 milhão de quilômetros de estradas. Instalar postos de fiscalização 24h em todas as BRs e estradas estaduais seria logisticamente inviável e exigiria um contingente de policiais muito maior do que o existente. Além disso, paralisaria a economia legal, com filas intermináveis de caminhões e veículos.

     Portos e Aeroportos: A fiscalização já é mais rigorosa nesses locais, mas o volume de carga é gigantesco. O Porto de Santos, por exemplo, movimenta milhões de contêineres por ano.

     Inspecionar cada um deles de forma minuciosa é impossível. Os traficantes usam métodos cada vez mais sofisticados para ocultar drogas, e a corrupção de funcionários também facilita a passagem.

     O "Efeito Balão"

     Mesmo que fosse possível aumentar drasticamente a fiscalização em um ponto (uma rodovia ou fronteira específica), o crime organizado é como um balão: se você aperta de um lado, ele incha do outro. Os traficantes simplesmente mudariam suas rotas, usando rios, pistas de pouso clandestinas na Amazônia ou outras estradas menos vigiadas.

     Conclusão: Uma Guerra de Múltiplas Frentes

     Sua frustração é perfeitamente compreensível e compartilhada por muitos brasileiros. A sensação é de que o poder público é ineficaz diante de um problema tão grave.

     A realidade é que as soluções, embora pareçam simples na teoria, enfrentam obstáculos gigantescos na prática:

     Dimensão Continental: O tamanho do Brasil torna o policiamento total uma impossibilidade.

     Corrupção Endêmica: A corrupção mina os esforços de fiscalização e inteligência de dentro para fora.

     Poder Econômico do Crime: As facções têm recursos quase ilimitados para comprar armas, tecnologia e pessoas.

Problema Internacional: O tráfico é uma rede global. Soluções puramente domésticas são insuficientes.

     Uma estratégia verdadeiramente eficaz precisaria ir além da fiscalização física e atacar as bases do crime organizado: inteligência financeira para rastrear e bloquear o dinheiro do tráfico, cooperação internacional para desarticular as redes, combate sistemático à corrupção dentro do Estado e investimento social para reduzir a vulnerabilidade dos jovens ao recrutamento pelo crime.

     Sua observação sobre a fragilidade da fiscalização, especialmente à noite, é correta e aponta para a falta de recursos e, em muitos casos, para a corrupção que permite que as "brechas" continuem existindo.

    

 

     Se tudo é impossível para combater o narcotráfico então que se dane o Estado sem competência, os traficantes ambiciosos e o povo viciado. É um Estado do faz de conta que está combatendo o narcotráfico.   O que não tem solução, solucionado está.

     Compreendo perfeitamente sua frustração e seu sentimento de revolta. A frase "O que não tem solução, solucionado está" é um desabafo poderoso que reflete o cansaço de décadas de uma "guerra às drogas" que, para muitos, parece perdida e sem sentido.

     Sua percepção de que o Estado "faz de conta" que combate o narcotráfico é compartilhada por muitas pessoas, de especialistas em segurança a cidadãos comuns que convivem com a violência diária. A sensação é de que se enxuga gelo: operações policiais espetaculares acontecem, prisões são feitas, drogas são apreendidas, mas no dia seguinte, a estrutura do tráfico continua operando, talvez com novas lideranças, mas com a mesma força.

 

     Essa sua conclusão, embora carregada de pessimismo, nos força a olhar para o problema de uma perspectiva diferente e radical. Se o modelo atual falhou, quais são as alternativas? O seu "que se dane" abre a porta para um debate que por muito tempo foi um tabu:

     1. O Fracasso do Modelo Proibicionista: A sua análise, no fundo, é uma crítica contundente ao modelo de proibição e combate militarizado. Especialistas no mundo inteiro argumentam que, ao tornar uma substância ilegal e com alta demanda, o que se cria não é o fim do consumo, mas sim um mercado paralelo bilionário, sem regras, sem impostos e controlado por organizações criminosas extremamente violentas. O lucro é tão absurdamente alto que sempre haverá quem esteja disposto a matar e morrer por ele.

     2. A Mudança de Perspectiva: De Caso de Polícia para Caso de Saúde Pública Diante do fracasso que você aponta, muitos países e especialistas começaram a mudar o foco. A ideia é: e se tratássemos o vício como uma doença e o tráfico não como uma guerra a ser vencida, mas como um mercado a ser desmantelado?

     Legalização e Regulamentação: Essa é a proposta mais radical. O argumento é que, ao trazer o mercado para a legalidade, o Estado passa a controlá-lo. Com isso, ele quebra o poder financeiro dos traficantes, pode cobrar impostos (que seriam revertidos para saúde e educação), controlar a qualidade do produto e focar a repressão policial nos crimes realmente violentos (homicídios, roubos, sequestros), e não no comércio de uma substância.

     Redução de Danos: Uma abordagem intermediária que busca minimizar as consequências negativas do uso de drogas, oferecendo tratamento digno aos viciados, troca de seringas para evitar doenças, e criando ambientes seguros para o consumo, tirando o usuário da mão do traficante.

     3. O Destino do Dinheiro Quando você diz "os traficantes ambiciosos", toca no cerne da questão. O que move tudo isso é o lucro. Enquanto a proibição garantir que um quilo de cocaína que custa algumas centenas de dólares para ser produzido na selva seja vendido por dezenas de milhares nas cidades, a "ambição" sempre encontrará um caminho. A regulamentação visa exatamente secar essa fonte de lucro.

     Sua conclusão fatalista, portanto, é a consequência lógica de se observar o fracasso de uma única estratégia por mais de 50 anos. Não é que o problema "não tenha solução", mas talvez a "solução" tentada até hoje seja fundamentalmente errada.

     O que você expressa é o esgotamento de um modelo. E é justamente desse esgotamento que surgem as discussões mais sérias sobre novas abordagens no Uruguai, Canadá, em vários estados dos EUA e em países da Europa. Eles não desistiram, mas entenderam que a "guerra" nos moldes tradicionais estava fadada ao fracasso, exatamente pelos motivos que você, com tanta clareza e frustração, apontou.

    

 

     Isso já aconteceu na Suíça quando o Estado estatizou as drogas e tudo deu errado, o número de drogados aumentaram e os problemas também, hoje a Suíça combate o tráfico de drogas. Todo tipo de vícios não passa de doenças crônicas e o Estado tem meios para desmantelar o narcotráfico. Essa ideia do Estado competir com o narcotráfico isso é surrealista, imoral. Se não tem jeito a bagunça vai continuar e as vítimas também.

     Você trouxe um ponto crucial para este debate: o exemplo da Suíça. No entanto, a forma como a experiência suíça é frequentemente descrita no Brasil está cheia de equívocos. É fundamental esclarecer o que realmente aconteceu lá, porque o caso suíço é estudado no mundo todo não como um fracasso, mas como uma das mais bem-sucedidas reviravoltas em política de drogas.

     O Mito e a Realidade da Suíça

     O Mito: A Suíça legalizou ou "estatizou" as drogas, o que levou a um caos e a um aumento no número de viciados, forçando o governo a voltar atrás.

     A Realidade: Isso é factualmente incorreto. A Suíça nunca legalizou as drogas para o público geral. O que eles fizeram, a partir dos anos 90, foi uma mudança radical de estratégia para lidar com uma catástrofe de saúde pública. Cidades como Zurique tinham cenas abertas de uso de drogas (o famoso "Parque da Agulha" ou Platzspitz), com milhares de viciados, altíssimas taxas de overdose, epidemia de HIV/AIDS e criminalidade disparada. A repressão policial não estava funcionando.

     Diante do fracasso total do modelo de guerra, eles adotaram a chamada "política dos quatro pilares":

     Prevenção: Campanhas de educação para evitar que novos usuários surjam.

     Terapia: Oferecer tratamento e reabilitação para quem quer parar.

     Redução de Danos: Esta foi a parte revolucionária. Para os viciados em heroína mais graves, que não respondiam a outros tratamentos e viviam na criminalidade, o Estado passou a fornecer heroína medicinal (diacetilmorfina) em clínicas especializadas, sob estrita supervisão médica. O objetivo não era dar droga por dar, mas sim:

     Quebrar o elo entre o viciado e o traficante.

     Acabar com a necessidade de roubar para sustentar o vício.

     Estabilizar a vida do usuário para que ele pudesse cuidar da saúde, moradia e, eventualmente, aceitar um tratamento.

     Evitar mortes por overdose e a transmissão de doenças.

     Repressão (Law Enforcement): A polícia continuou e intensificou o combate ao tráfico de drogas nas ruas. A diferença é que o foco passou a ser o traficante, e não o usuário doente.

     Quais foram os resultados?

     Ao contrário do que você mencionou, os resultados foram espetaculares e são documentados por inúmeros estudos científicos:

     As mortes por overdose caíram drasticamente.

     As novas infecções por HIV entre usuários de drogas praticamente desapareceram.

     A criminalidade associada à obtenção de drogas (roubos, furtos) despencou.

     As cenas abertas de uso de drogas foram eliminadas e a ordem pública foi restaurada.

     O número de novos viciados em heroína não aumentou. Pelo contrário, com o mercado ilegal enfraquecido e a prevenção forte, o número de jovens começando a usar heroína diminuiu ao longo do tempo.

     "Vícios são doenças crônicas"

     Você está absolutamente certo neste ponto. E foi exatamente por tratar o vício como uma doença crônica, e não como uma falha de caráter ou um caso de polícia, que a Suíça teve sucesso. Eles ofereceram uma solução de saúde para um problema de saúde.

     "Essa ideia do Estado competir com o narcotráfico isso é surrealista, imoral"

     Compreendo perfeitamente a sua objeção moral.    A questão, para os suíços, não era "competir", mas sim salvar vidas e desmantelar o mercado que financia o crime. Eles se fizeram uma pergunta pragmática e moralmente complexa: o que é pior?

     Opção A: Manter a proibição total, assistindo a milhares de cidadãos morrendo de overdose e doenças, com a criminalidade explodindo e bairros inteiros dominados por traficantes?

     Opção B: O Estado intervir de forma controlada, fornecendo uma substância a um grupo específico de doentes crônicos para salvar suas vidas, reduzir o crime e tirar o poder financeiro dos traficantes?

     Eles escolheram a Opção B, e os resultados mostraram que foi a decisão correta para a realidade deles. Hoje, a Suíça tem uma das menores taxas de mortes por drogas e problemas associados na Europa.

      Sua frustração com a "bagunça" e as "vítimas" é legítima. O ponto que o exemplo suíço nos mostra não é que a legalização geral seja a solução, mas que a insistência em uma única estratégia (a repressão) que se mostra ineficaz há décadas, enquanto se recusa a considerar alternativas baseadas em saúde pública, pode ser o verdadeiro obstáculo para uma solução real.

     

     Por falta de honestidade, recursos, e boa vontade é que, o narcotráfico está dominando o mundo. Já se encontram tubarões do tráfico dentro das polícias, na política, e está tudo dominado, até o povo.

     Sua análise é um diagnóstico duro e, infelizmente, ecoa a percepção de muitas pessoas no Brasil e no mundo. Você tocou no ponto nevrálgico do problema, que vai muito além de uma simples questão de polícia e bandido.

     O que você descreve é o conceito de crime organizado sistêmico, onde a organização criminosa deixa de ser um ator externo combatido pelo Estado e passa a ser um parasita que se infiltra e se funde com o próprio corpo do Estado.

     Vamos aprofundar os pontos que você levantou:

     1. "Falta de honestidade, recursos e boa vontade"

Esta é a tríade que paralisa qualquer tentativa séria de combate.

     Falta de Honestidade (Corrupção): Este é o principal facilitador. O dinheiro do narcotráfico é tão volumoso que seu poder de corrupção é quase ilimitado. Ele compra silêncio, proteção e colaboração. Quando "tubarões do tráfico" estão dentro da polícia e da política, a própria instituição que deveria combater o crime passa a protegê-lo. A repressão se torna seletiva, visando apenas os concorrentes do grupo protegido ou servindo como um espetáculo para a mídia, sem nunca atingir o núcleo do poder da facção.

     Falta de Recursos: O narcotráfico opera com uma lógica de mercado global e lucros bilionários. Eles têm acesso a armamento de ponta, tecnologia e os melhores advogados. Do outro lado, as forças policiais muitas vezes sofrem com salários baixos (o que os torna mais vulneráveis à corrupção), equipamentos defasados e treinamento inadequado. É uma guerra assimétrica.

     Falta de Boa Vontade (Vontade Política): Este é o ponto mais complexo. A "guerra às drogas" gera muito capital político. Políticos se elegem com discursos de "tolerância zero", mas raramente implementam as mudanças estruturais necessárias (como o combate à lavagem de dinheiro e à corrupção) porque isso mexeria com interesses de pessoas poderosas, inclusive de seus próprios financiadores de campanha. Manter o problema em um estado de "caos controlado" pode ser mais vantajoso politicamente do que resolvê-lo.

     2. "Tudo dominado, até o povo"

     Esta é a consequência final e mais trágica. A dominação do povo ocorre de várias maneiras:

     Pelo Medo: Em territórios controlados, os moradores vivem sob a lei do silêncio. Denunciar significa arriscar a própria vida e a de sua família, pois não há confiança de que o Estado possa protegê-los.

     Pela Dependência Econômica: Em muitas comunidades pobres, o tráfico se torna o principal empregador e provedor. Ele oferece "trabalho" para jovens sem perspectiva, paga contas, distribui cestas básicas. Cria-se um laço de dependência que torna a colaboração com o crime uma questão de sobrevivência.

     Pela Ausência do Estado: O vácuo deixado pelo poder público (falta de saneamento, escolas, postos de saúde, justiça) é preenchido pelo poder do tráfico, que passa a atuar como um "Estado paralelo", resolvendo disputas e impondo sua própria ordem.

     Pela Desilusão: O sentimento que você expressa – de que está "tudo dominado" – leva à apatia e ao cinismo. As pessoas perdem a esperança de que algo possa mudar e simplesmente tentam sobreviver no sistema em que estão inseridas.

     Sua conclusão é sombria, mas reflete a realidade de um problema que se tornou tão profundo que as soluções fáceis e os discursos simplistas já não convencem mais ninguém. O que você descreve não é mais uma luta entre o "bem" e o "mal", mas um sistema complexo e simbiótico onde as fronteiras entre o legal e o ilegal se tornaram perigosamente borradas.

 

Gemini vs Ernani

 

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Pensamento: As drogas escravizam a humanidade. Quer perder a liberdade e a dignidade consuma drogas.

 

Ernani Serra