ACIDIFICAÇÃO DOS OCEANOS
Processo de acidificação dos oceanos pode
acabar com toda a vida marinha.
1. Danos
causados pela acidificação dos oceanos
1.1.
Branqueamento dos corais
2. Efeitos
positivos
3. Mais
prejuízos econômicos
4. Tecnologia
de mitigação para a acidificação
Quando pensamos nas emissões de dióxido de
carbono (CO2), fatores como o efeito estufa e o
aquecimento global já vêm à cabeça. Mas as mudanças climáticas não são os
únicos problemas causados pelo excesso de CO2 na atmosfera. O processo de
acidificação dos oceanos é extremamente perigoso e pode acabar com a vida
marinha até o fim do século.
A acidificação começou desde a primeira
revolução industrial, em meados do século XVIII, quando a emissão de poluentes
aumentou rápida e significativamente graças à instalação das indústrias por
toda Europa. Como a escala de pH é logarítmica, uma leve diminuição neste valor
pode representar, em porcentagem, variações de acidez de grandes dimensões.
Dessa forma, é possível dizer que desde a primeira revolução industrial a
acidez dos oceanos já aumentou em 30%.
Mas como se dá esse processo? Estudos
demonstram que, ao longo da história, 30% do CO2 emitido pela ação humana foi
parar no oceano. Quando a água (H2O) e o gás se
encontram, é formado o ácido carbônico (H2CO3),
que se dissocia no mar, formando íons carbonato (CO32-)
e hidrogênio (H+).
O nível de acidez se dá por meio do
aumento da quantidade de íons H+ presentes em
uma solução – nesse caso, a água do mar. Quanto maiores as emissões, maior a
quantidade de íons H+ que se formam e mais
ácidos os oceanos ficam.
Danos causados pela acidificação dos
oceanos
Qualquer tipo de mudança, por menor que
seja, pode modificar drasticamente o meio ambiente. As
mudanças de temperatura, do clima, do nível de chuva e até do número de animais
podem causar desequilíbrio ambiental. O mesmo pode ser dito sobre a
alteração do pH (índice
que indica o nível de alcalinidade, neutralidade ou acidez de uma solução
aquosa) dos oceanos.
A acidificação dos oceanos afeta
diretamente organismos calcificadores. Um estudo publicado na Communications
Biology identificou que a acidificação desestabiliza o equilíbrio ecológico das
algas e prejudica os recifes de corais, gerando consequências irreversíveis.
Além dos corais, outros organismos podem ser afetados, como alguns tipos de
mariscos, algas, plânctons e moluscos, dificultando sua capacidade de formar
conchas e levando ao seu desaparecimento. Em quantidades normais de absorção de
CO2 pelo oceano, as reações químicas favorecem a
utilização do carbono na formação de carbonato de cálcio (CaCO3), utilizado por diversos organismos marinhos na
calcificação.
A diminuição das taxas de calcificação
afeta, por exemplo, o estágio de vida inicial desses organismos, bem como sua
fisiologia, reprodução, distribuição geográfica, morfologia, crescimento,
desenvolvimento e tempo de vida. Além disso, afeta a tolerância a mudanças na
temperatura das águas oceânicas, tornando os organismos marinhos mais
sensíveis, interferindo na distribuição de espécies que já são mais
vulneráveis. Ambientes que naturalmente apresentam altas concentrações de CO2,
como regiões vulcânicas hidrotermais, são demonstrações dos ecossistemas
marinhos futuros: eles apresentam baixa biodiversidade e elevado número de
espécies invasoras.
Branqueamento dos corais
Além disso, um estudo mostrou que o
aquecimento das águas causado pela acidificação faz com que os corais expulsem
algas simbióticas que vivem dentro deles produzindo a maior parte dos
nutrientes por meio da fotossíntese. O processo transforma os corais em um
branco fantasmagórico, uma condição chamada de branqueamento dos corais. Os
corais podem sobreviver por um tempo sem as algas – eles usam tentáculos para
capturar comida do oceano – mas quando o branqueamento dura muito ou acontece com
muita frequência, os corais eventualmente morrem.
Outra consequência advinda da perda de
biodiversidade de ecossistemas marinhos é a erosão de plataformas continentais,
que não apresentarão mais corais para ajudar a fixar os sedimentos. Estima-se
que até 2100 cerca de 70% dos corais de águas frias estarão expostos a águas
corrosivas.
Efeitos positivos
Por outro lado, outras pesquisas apontam
para a direção oposta, afirmando que alguns micro-organismos se beneficiam com
esse processo. Isto se deve ao fato de que a acidificação dos oceanos possui
também uma consequência que é, para alguns micro-organismos marinhos, positiva.
A diminuição do pH altera a solubilidade de alguns metais, como o Ferro III,
que é um micronutriente essencial para o plâncton, tornando-o assim mais
disponível, favorecendo um aumento da produção primária, o que gera uma maior
transferência de CO2 para os oceanos.
Além disso, o fitoplâncton produz um componente
chamado dimetilssulfeto. Ao ser lançado na atmosfera, esse elemento contribui
para a formação de nuvens, que refletem os raios solares, controlando o
aquecimento global. Esse efeito, porém, só é positivo até que sejam reduzidas
as absorções de CO2 pelo oceano (devido à saturação
deste gás nas águas), situação sob a qual o fitoplâncton, pela menor
oferta de Ferro III, produzirá menos dimetilssulfeto.
Mais prejuízos
econômicos
Em suma, podemos dizer que o aumento da
concentração de dióxido de carbono na atmosfera termina por aumentar a acidez e
temperatura das águas oceânicas. Até certo ponto, como vimos, isso é positivo,
pois aumenta a solubilidade do Ferro III que é absorvido pelo fitoplâncton para
a produção de dimetilssulfeto, contribuindo para minimizar o aquecimento
global.
Ultrapassado esse ponto, a saturação de
CO2 absorvido pelo ambiente marinho, somado ao aumento da temperatura das
águas, altera o sentido das reações químicas, fazendo com que menores
quantidades deste gás sejam absorvidas, prejudicando organismos calcificantes e
aumentando a concentração do gás na atmosfera. Por sua vez, esse aumento
contribuiria para intensificar os efeitos do aquecimento global. Dessa forma, é
criado um ciclo vicioso entre a acidificação dos oceanos e o aquecimento
global.
Além de todos os impactos já descritos,
com a diminuição do pH oceânico, haverá também o
impacto econômico, já que comunidades que se
mantém à base de eco-turismo (mergulhos) ou de
atividades pesqueiras serão prejudicadas.
A acidificação dos oceanos pode também
afetar o mercado global de créditos de carbono. Os oceanos funcionam como um
depósito natural de CO2, que se forma por conta da morte de organismos
calcários. Como a acidificação atinge a
formação de conchas, isso afeta também o depósito marinho de CO2 formado pela
morte desses organismos calcários. Assim, o carbono deixa de estar armazenado
por longos períodos de tempo nos oceanos e passa a se concentrar em maior
quantidade na atmosfera. Isso faz com que os países precisem arcar
financeiramente com as consequências.
Tecnologia de
mitigação para a acidificação
A geoengenharia desenvolveu algumas
hipóteses para acabar com esse problema. Uma delas é usar o ferro para “fertilizar” os oceanos. Dessa forma, as partículas do
metal estimulariam o crescimento dos plânctons, que são capazes de absorver o
CO2. Ao morrer, os plânctons levariam o gás carbônico para o fundo do mar,
criando um depósito de CO2.
Outra alternativa proposta foi a adição de
substâncias alcalinas nas águas dos oceanos para equilibrar o pH, como pedra
calcária esmagada. Porém, segundo o Professor Jean-Pierre Gattuso, da Agência
Nacional de Pesquisas da França, este processo poderia ser eficaz apenas em
baías com troca limitada de água com o mar aberto, o que daria um alívio local,
mas não é prático em escala global, já que consome muita energia, além de ser
uma alternativa cara.
Na realidade, as emissões de carbono
deveriam ser o foco da discussão. O processo de acidificação oceânica não afeta
apenas a vida marinha. Povoados, cidades e até mesmo países são totalmente
dependentes da pesca e do turismo marítimo. Os problemas vão muito além dos
mares.
Atitudes incisivas se fazem cada vez mais
necessárias. Por parte das autoridades, leis sobre níveis de emissão e
fiscalizações cada vez mais rigorosas. Por parte dos indivíduos, diminuir a
pegada de carbono com pequenas medidas, como utilizar mais transporte público,
principalmente em veículos movidos a fontes de energia renováveis ou optar por
alimentos orgânicos, que sejam provenientes da agricultura de baixo carbono.
Mas escolhas como essa só serão plenamente possíveis caso a indústria altere
suas formas de lidar com os recursos naturais e também priorize a produção de
bens que utilizem matérias-primas sustentáveis.
Comentário:
Para salvar o planeta tem que haver uma
regressão no tempo e no espaço. Tem que escolher um tempo “x” e um espaço “y” do passado que
seja sustentável para o planeta e aplicar o sistema.
Ernani Serra
https://www.youtube.com/watch?v=y4vU7w8t25A
https://www.youtube.com/watch?v=1TDKSgw9V8Q
https://cetesb.sp.gov.br/proclima/gases-do-efeito-estufa/
Pensamento: O
homem é um animal mais perigoso do planeta que pode exterminar todas as vidas e
a sua própria vida planetária.
Ernani Serra