“Estamos diante
da possibilidade real de uma sexta extinção em massa”, afirma David
Attenborough
16 Setembro
2020
O célebre cientista e divulgador
naturalista britânico David Attenborough alertou que a humanidade
enfrentará uma sexta extinção em massa neste
século, se não abordar a mudança climática e a superexploração dos
recursos do planeta.
A reportagem é publicada por Infobae,
13-09-2020. A tradução é do Cepat.
Em seu novo
livro, “A Life on Our Planet” (Uma vida em nosso planeta), Attenborough prevê
um futuro de inundações, secas e um oceano se tornando ácido, caso a Terra não
seja salva a tempo.
“O mundo natural desaparece. A evidência
está em todas as partes. Aconteceu durante a minha vida. Vi com meus próprios
olhos. Se não agirmos agora, irá nos levar à destruição. A catástrofe será
incomensuravelmente mais destrutiva que Chernobyl”,
escreve Attenborough, de 94 anos.
O divulgador, famoso pelos exitosos
documentários que celebraram a incrível diversidade da vida na Terra, prevê uma
série de possíveis cenários aterradores que a próxima geração poderá
enfrentar.
“Estamos diante da possibilidade real de
uma sexta extinção em massa,
causada por ações humanas”, escreve. “Dentro da vida útil de alguém nascido
hoje, prevê-se que a nossa espécie provocará nada menos que o colapso do mundo vivente,
precisamente no que se baseia a nossa civilização”.
O problema, afirma, não é apenas a crise climática.
“As pessoas, com razão, falam muito sobre a mudança climática. Mas agora está
claro que o aquecimento global provocado
pelo homem é apenas uma das várias crises em jogo. Uma equipe de estimados
cientistas, dirigida por Johan Rockstrom e Will Steffen,
identificou nove limites críticos integrados ao meio ambiente da Terra: mudança climática,
uso de fertilizantes, conversão de terras, perda de biodiversidade, poluição do
ar, esgotamento da camada de ozônio, acidificação dos oceanos, poluição química
e extrações de água doce”.
O primeiro problema poderia ser deflagrado
em toda a sua gravidade na década que começa em 2030, quando, após anos
de desmatamento e queimada
ilegal na bacia do Amazonas, a maior mata tropical do mundo poderia
ser reduzida em 75%.
“A redução das chuvas provocaria escassez
de água nas cidades e secas nas terras agrícolas geradas pelo desmatamento.
A produção de alimentos se veria radicalmente afetada”, escreve Attenborough.
“A perda de biodiversidade seria catastrófica”.
“As espécies que podem nos fornecer
medicamentos, novos alimentos e aplicações industriais poderão desaparecer”,
acrescenta.
Além disso, com o aquecimento global aumentando
a temperatura da Terra, os degelos no Ártico começarão
antes e as geadas chegarão mais tarde.
Isto significa que o urso polar,
que depende do gelo marinho do norte para caçar focas, começará a se extinguir.
Attenborough escreveu: “Na medida em
que se amplia o período sem gelo, os cientistas detectarão uma tendência
preocupante. As fêmeas grávidas, privadas de seus recursos, darão à luz
filhotes menores”.
“É muito possível que em um ano, o verão
seja um pouquinho mais longo e os filhotes que nasçam naquele ano sejam tão
pequenos que não possam sobreviver a seu primeiro inverno polar. Toda
essa população de ursos
polares se extinguiria”.
Com a mudança climática continuando
na década de 2050, todo o oceano se tornaria totalmente ácido como resultado de
que “o dióxido de carbono formará
ácido carbônico para desencadear um declínio calamitoso”.
A metade da década de 2050 seria o final
para a pesca comercial e a piscicultura que restam em todo o mundo.
A produção mundial de alimentos chegará
a um ponto de crise, após séculos de agricultura intensiva lançando muito
fertilizante no solo, deixando-o exausto e sem vida.
A falta de alimentos também
se agravará com o surgimento de outra
pandemia.
“Apenas estamos começando a compreender
que existe uma associação entre o surgimento do vírus e o desaparecimento do
planeta”, afirma o cientista.
“Quanto mais continuarmos fraturando a
natureza com o desmatamento, a expansão das terras de cultivo e as atividades
de comércio ilegal de vida terrestre, mais provável é que surja outra pandemia”.
Finalmente, para 2100, o mundo selvagem
terá “desaparecido quase por completo”. Nesse momento, então, “96% da massa de
todos os mamíferos da Terra será formada por nossos corpos e os dos animais que
criamos para comer. Invadimos a Terra. Mas para o próximo século, é possível
que a tenhamos tornado inabitável”.
“O século XXII pode começar com uma crise
humanitária mundial, o maior evento de migração humana forçada da história”,
escreve Attenborough. “As cidades costeiras de todo o mundo enfrentariam
um aumento previsto do nível do mar de 3 pés, durante o século XXI, causado
pelo derretimento lento das camadas de gelo, junto com uma expansão progressiva
do oceano, na medida em que se aquece. O nível do mar poderia
estar alto o suficiente, em 2100, para destruir portos e inundar o interior”.
A isto, soma-se outro problema. “Se todos
os eventos ocorressem como descrito, nosso planeta ficaria 4 graus mais quente
em 2100. Mais de um quarto da população humana viveria em lugares com uma
temperatura média de mais de 29 graus, um nível diário de calor que,
na atualidade, só se constata no Saara”.
“A sexta extinção em massa
da Terra se tornaria imparável”, segundo o cientista. “Dentro
da vida útil de alguém nascido hoje, prevê-se que a nossa espécie provocará
nada menos que o colapso do mundo vivente, precisamente no que se baseia a
nossa civilização”.
No entanto, Attenborough afirma
que as soluções estão “a nosso alcance” e há uma
série de “passos que podemos tomar e objetivos que devemos conquistar para
evitar a catástrofe que se aproxima”.
Entre os remédios, o divulgador britânico
cita uma maior sustentabilidade, energia limpa, a reconstrução dos
oceanos, ocupar menos espaço e desacelerar o crescimento da população.
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