VACINA SOB
SUSPEITA
Por
precaução, 9 países europeus suspendem vacina de Oxford.
Agência Europeia de
Medicamentos reafirma segurança do imunizante. Espanha e França anunciam que
seguirão aplicando a vacina, e instituto alemão avalia o caso.
EMA identificou apenas 30
casos de tromboembolismo entre 5 milhões de pessoas vacinadas com a AstraZeneca
Nove países europeus
suspenderam nos últimos dias, de forma temporária e parcial, a aplicação da
vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford e o
laboratório AstraZeneca. Autoridades de saúde nacionais e da União Europeia
estão investigando se alguns casos de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas,
que podem provocar trombose ou embolia pulmonar, estariam relacionados ao
imunizante.
Em reação à decisão dos
países, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) afirmou nesta quinta-feira
(11/03) não haver indícios de que a vacina de Oxford teria provocado os casos
de tromboembolismo e que o imunizante é seguro para uso. O órgão está
realizando uma investigação aprofundada e divulgará mais detalhes nos próximos
dias.
Segundo a EMA, foram
registrados até quarta-feira (10/03) 30 casos de tromboembolismo entre as 5
milhões de pessoas que já receberam doses da vacina de Oxford na Área Econômica
Europeia, que inclui os 27 países da União Europeia mais Islândia, Noruega e
Liechtenstein. A agência afirma que o número de casos de trombose e embolia
identificados entre as pessoas que receberam a vacina não é maior do que o
registrado na população em geral.
A virologista Polly Roy, da
London School of Hygiene and Tropical Medicine, afirmou à DW que acredita que
os coágulos identificados em pessoas vacinadas provavelmente não ocorreram
devido à vacina. "Talvez elas tenham algum outro problema", afirmou.
Áustria
levantou preocupação.
O primeiro país a tomar a
decisão de suspender o uso de um lote da vacina de Oxford foi a Áustria, no
domingo (07/03), enquanto investigava a morte de uma mulher de 49 anos por
trombose múltipla e a internação de uma mulher de 35 anos por embolia pulmonar,
que está em recuperação. Ambas haviam tomado a vacina na mesma clínica de
Viena.
As autoridades austríacas
informaram não ter evidências de que o imunizante teria causado os quadros de
tromboembolismo, mas que haviam tomado a decisão como precaução. A formação de
coágulos sanguíneos não é um dos efeitos colaterais associados à vacina de
Oxford.
Depois do anúncio da
Áustria, Estônia, Lituânia, Luxemburgo e Letônia também decidiram interromper
temporariamente a vacinação, e foram acompanhados por outros países.
Nesta quinta, a Dinamarca
anunciou a suspensão do uso da vacina de Oxford por 14 dias para investigar os
relatos de casos de coágulos sanguíneos. No mesmo dia, Itália, Islândia e a
Noruega também suspenderam temporariamente o uso do imunizante. Alguns países
interromperam o uso de qualquer dose da AstraZeneca, enquanto outros
suspenderam apenas o uso de doses do mesmo lote de onde vieram as vacinas
aplicadas nas duas mulheres austríacas.
"No momento, não é
possível concluir se há uma relação. Estamos agindo rápido, isso precisa ser
investigado em profundidade", disse o ministro da saúde dinamarquês,
Magnus Heunicke, em mensagem no Twitter. Na Dinamarca, foram registrados alguns
casos e uma morte devido a coágulos sanguíneos entre pessoas vacinadas.
Divergência
entre países.
Na Islândia, não foram
encontrados casos de pessoas que desenvolveram coágulos sanguíneos após serem
vacinadas, mas o país decidiu suspender o uso do imunizante de Oxford enquanto
aguarda a investigação da EMA. O Instituto de Saúde Pública da Noruega informou
ter identificado alguns casos de coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas, mas
disse que eles ocorreram "especialmente em pessoas idosas, nas quais
frequentemente há outras doenças relacionadas".
A ministra da saúde da
Espanha, Carolina Darias, afirmou que seu país seguirá aplicando a vacina e que
não havia encontrado nenhum caso de coágulo sanguíneo relacionado ao imunizante.
O ministro da saúda da França, Olivier Veran, também disse que seguiria a
recomendação da EMA e não suspenderia o uso da vacina de Oxford.
O instituto alemão Paul
Ehrlich, responsável pela regulação e aprovação de medicamentos na Alemanha, afirmou
ao jornal televisivo Tagesschau que entrou em contato com a EMA e a agência de
medicamentos da Dinamarca e que estava investigando a situação.
O epidemiologista Karl
Lauterbach, especialista do Partido Social-Democrata (SPD), afirmou no Twitter
que, em sua opinião, a vacinação não deveria ter sido interrompida na Dinamarca
com base em um caso, e que os danos à confiança na vacina seriam
"imensos". Ele afirmou que a vacina de Oxford é segura e que ele a
tomaria.
As doses usadas nas duas mulheres
na Áustria que desenvolveram coágulos pertenciam ao lote ABV5300, que tem um
milhão de doses e foi distribuído para 17 países europeus: Áustria, Bulgária,
Chipre, Dinamarca, Estônia, França, Grécia, Islândia, Irlanda, Letónia,
Lituânia, Luxemburgo, Malta, Holanda, Polônia, Espanha e Suécia.
A EMA disse ser
"improvável" que haja algum problema na qualidade nesse lote, mas que
ele está sendo investigado, assim como todos os casos de tromboembolismo e
outros relacionados a coágulos sanguíneos identificados após a vacinação.
Programa
de vacinação.
O uso do imunizante de
Oxford foi aprovado para uso na Europa em 29 de janeiro. Inicialmente, porém,
alguns países do bloco restringiram seu uso em pessoas com menos de 65 anos
devido à falta de dados sobre a eficácia em idosos.
A Alemanha foi um dos países
que inicialmente recomendou o uso da vacina apenas para as pessoas com idade
entre os 18 e os 64 anos, o que contribuiu para o aumento da rejeição ao
imunizante no país. Em 4 de março, a Comissão Permanente de Vacinação da
Alemanha (Stiko) liberou o uso da vacina também para pessoas de 65 anos ou
mais, a partir da análise de mais dados disponíveis. Além dessa vacina, a
Alemanha tem usado em sua campanha os imunizantes da Pfizer-Biontech e da
Moderna.
A União Europeia, que está
envolvida em disputas com a AstraZeneca sobre a entrega insuficiente de
vacinas, tem sido duramente criticada pela lentidão de suas campanhas de
vacinação, ficando bem atrás do índice de imunização da população de países
como Israel, Estados Unidos e Reino Unido.
De acordo com o site Our
World in Data, da Universidade de Oxford, a UE, com uma população de cerca de
450 milhões de pessoas, havia administrado até terça-feira apenas cerca de 43
milhões de doses. Para comparação, os Estado Unidos, com população de cerca de
328 milhões, já havia aplicado aproximadamente 93 milhões de doses.
A Europa também vive uma
alta nos casos de covid-19, à medida que novas variantes do coronavírus se
espalham pelo continente. Somente na semana passada, foram 1 milhão de novos
casos, um aumento de 9% em relação à semana anterior.
Nesta quinta-feira, a EMA
autorizou o uso na União Europeia da vacina de dose única da Johnson &
Johnson. O bloco já encomendou 400 milhões de doses do imunizante.
A vacina de Oxford também é
uma das usadas no Brasil até o momento, por meio de uma parceria com a Fundação
Osvaldo Cruz (Fiocruz). O outro imunizante sendo aplicado nos brasileiros é a
chinesa Coronavac, produzida em parceria com o Instituto Butantan. bl (ots,
DW).
Comentário:
A COVID-19 criou vacinas
competitivas e rápidas e com imunidade insuficiente para garantir os 100%.
Ernani Serra
Pensamento: A saúde é o resultado não só de nossos atos como também de
nossos pensamentos.
Mahatma Gandhi