Quem são os bicheiros do Rio de Janeiro?
O jogo é contado a
partir de um conglomerado de famílias dos contraventores, que se dividem em
cinco nomes principais: Miro Garcia, Castor de Andrade, Capitão Guimarães, José
Escafura e “Anísio” Abraão.
Entenda
a disputa pelo comando do jogo do bicho no Rio de Janeiro
Rivalidade teve
início em 1998. Nesta terça-feira, o contraventor Rogério de Andrade foi preso
suspeito de ter encomendado a morte de Fernando de Miranda Ignácio.
29/10/2024 - 12h16min
Zero Hora
A rivalidade entre
os bicheiros Rogério de Andrade e Fernando de Miranda Ignácio — sobrinho e
genro do falecido contraventor Castor de Andrade, respectivamente — é marcada
por uma série de eventos violentos. As informações são do jornal O Globo.
Tudo teve início
em 22 de outubro de 1998, quando Paulinho Andrade — filho de Castor —, então
com 47 anos, e seu segurança, Haroldo Alves Bernardo, foram mortos a tiros na
Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. No ocorrido, um homem se
aproximou do Jeep Cherokee onde estavam e abriu fogo, atingindo Paulinho com
cinco tiros. Esse evento marcou o início da guerra familiar pelo controle do
jogo do bicho.
Nesta terça-feira
(29), Rogério de Andrade foi preso em uma operação do Ministério Público do Rio
de Janeiro (MPRJ), acusado de ser o mandante do assassinato de Ignácio.
Bicheiro Rogério
de Andrade é preso suspeito de mandar matar rival
Operação do MP
mira 18 policiais militares ligados ao bicheiro Rogério de Andrade
Sucessor
Castor de Andrade,
chefe de uma das maiores organizações criminosas do Rio, faleceu em 1997, aos
71 anos, devido a um infarto. Antes de morrer, ele escolheu Rogério de Andrade
como sucessor no comando dos negócios ilegais. Paulinho de Andrade, descontente
com a escolha do pai, entrou em disputa com o primo. Com o assassinato de
Paulinho, e Rogério sendo apontado como mandante, Fernando Ignácio começou a
confrontar o sobrinho de Castor, iniciando uma rivalidade que deixaria muitas
vítimas ao longo dos anos.
Em 7 de dezembro
de 1998, o ex-PM Jadir Simeone foi preso e confessou o assassinato de Paulinho,
acusando Rogério de ter ordenado a execução. O sobrinho de Castor foi preso e,
em 2002, condenado a 19 anos e 10 meses de prisão. Contudo, conseguiu um habeas
corpus para recorrer em liberdade, que foi posteriormente revogado, tornando-o
foragido. Mesmo assim, ele continuou frequentando locais públicos, sempre
escoltado por seguranças.
Recaptura
Rogério foi
recapturado em setembro de 2006, numa operação da Polícia Federal, na Rodovia
Washington Luiz, ao retornar de Itaipava, na Região Serrana, para o Rio de
Janeiro. Ele estava disfarçado com cabelos longos e lentes de contato azuis. O
grupo de Rogério, investigado pelo Ministério Público (MP) por envolvimento com
a máfia dos caça-níqueis, era suspeito do assassinato de um policial federal.
Nessa época, a guerra entre os dois chefes da contravenção já havia durado oito
anos, com cerca de 50 mortes, incluindo policiais que se aliaram aos bicheiros.
Fernando Ignácio,
também suspeito de ordenar diversos assassinatos, foi preso, mas conseguiu um
habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2009, após ser condenado
a 18 anos de prisão. No mesmo ano,
Rogério obteve liberdade por decisão judicial, e em 2013 foi absolvido da
acusação de homicídio qualificado contra o primo.
Atentados
Em abril de 2010,
Rogério e o filho Diogo, de 17 anos, voltavam de uma academia em um Toyota
Corolla quando o carro explodiu na Avenida das Américas, na Barra da Tijuca. A
explosão foi tão forte que arrancou o teto do veículo, matando Diogo
instantaneamente. Rogério ficou ferido e precisou de cirurgia. Outros dois
carros, que transportavam policiais responsáveis pela segurança de Rogério,
também foram atingidos, mas não houve outras vítimas.
Esse não foi o
primeiro atentado contra Rogério. Em 2001, um ataque frustrado ocorreu quando
ele deixava a então namorada em um apart-hotel na Barra. O atirador, um cabo da
Marinha reformado, teve a arma travada, o que permitiu que Rogério se
defendesse e escapasse. Mais tarde, em 2017, Rogério sofreu outro atentado
enquanto estava em um carro no Itanhangá, Zona Oeste, mas apenas a esposa foi
ferida no braço.
Assassinato
de ex-chefe de segurança
Em novembro de
2010, o sargento do Corpo de Bombeiros Antônio Carlos Macedo, ex-chefe de
segurança de Rogério, foi morto a tiros na Avenida Sernambetiba, na Barra. Em
abril de 2011, a Justiça decretou a prisão de Rogério, que foi acusado de
ordenar a execução, supostamente por desconfiar do envolvimento de Macedo no
atentado que matou Diogo.
Série "Vale o
Escrito" será exibida na Globo em outubro
Morte de Fernando
Ignácio
O último capítulo
dessa disputa ocorreu em 11 de novembro de 2020, quando Fernando Ignácio foi
morto ao desembarcar de um helicóptero no Recreio dos Bandeirantes. Enquanto
caminhava em direção a sua Range Rover blindada, no heliponto, foi atingido por
diversos tiros de fuzil na cabeça. A investigação indicou que os atiradores
sabiam que ele retornaria de Angra dos Reis e o esperaram em um terreno próximo
ao heliponto. Quando ele se aproximou, dispararam pelo menos 10 vezes a uma
curta distância.
O MP denunciou
Rogério de Andrade como mandante do crime e obteve a determinação da prisão
preventiva. Entretanto, em fevereiro deste ano, o ministro Nunes Marques, do
Supremo Tribunal Federal (STF), revogou a ordem de prisão, afirmando que não
havia provas que ligassem diretamente Rogério ao assassinato. Por fim, novos
elementos surgiram na investigação, levando à prisão de Rogério nesta
terça-feira.
Comentário:
Essas famílias
formaram do jogo do bicho uma verdadeira organização criminosa, (mafiosa) que rendem bilhões de reais por ano e por
esse valor monetário as famílias dos bicheiros matam e morrem. O MPRJ achou
algumas ligações dos banqueiros com as milícias, cigarros clandestinos, e o
narcotráfico.
O vício dos
brasileiros de jogar no bicho, sem saber, estão alimentando essas quadrilhas
organizadas e violentas que se matam entre si na disputa pelo poder.
Ernani Serra
Pensamento: A ambição de poder é a mais forte de todas as
paixões.
Tácito
Nenhum comentário:
Postar um comentário