Qual a diferença da política do Brasil para a
política da Suécia? Na Suécia têm mendigos pelas ruas? Qual a diferença dos
políticos da Suécia para os do Brasil?
Essa é uma comparação fascinante, pois
embora ambos sejam democracias, funcionam sob lógicas culturais e
administrativas quase opostas.
Aqui estão as principais diferenças divididas nos pontos que você
questionou:
1. A Diferença Fundamental na Política
A maior diferença não está apenas nas leis, mas na cultura de
privilégio.
Brasil (A "Autoridade"): A política brasileira herdou uma
tradição onde o político é visto como uma autoridade superior. O sistema é
presidencialista, focado na figura de líderes fortes, e a estrutura estatal
oferece muitas regalias que distanciam o político do cidadão comum.
Suécia (O "Cidadão Comum"): A Suécia é uma monarquia
parlamentarista (o Rei não tem poder político, quem manda é o Parlamento). A
cultura política lá é baseada na ideia de que o político é apenas um cidadão
temporariamente servindo ao público. Não existe a aura de
"Excelência".
2. A Diferença entre os Políticos (Privilégios e Estilo de Vida)
Esta é, talvez, a diferença mais chocante para nós brasileiros.
Característica: Político no
Brasil
Salários: Ganham dezenas de vezes
mais que a renda média do trabalhador.
Político na Suécia
Ganham cerca de 2x a 3x o salário de um professor primário. É um bom
salário, mas ninguém fica rico apenas com a política.
Assessores no Brasil:
Um deputado pode ter dezenas de assessores pagos pelo Estado.
Na Suécia:
Não têm secretários particulares. Os partidos têm um "pool" de
assessores compartilhados.
Transporte:
No Brasil
Carros oficiais com motoristas, combustível pago, auxílio-transporte.
Na Suécia
Andam de ônibus, trem ou bicicleta. Apenas o Primeiro-Ministro tem
direito a carro oficial de segurança permanente.
Moradia
no Brasil: Auxílio-moradia generoso ou
apartamentos funcionais grandes.
Na Suécia
Deputados do interior ganham acesso a "kitnets" funcionais
simples (cerca de 45m²), sem luxo. Em alguns casos, lavam a própria roupa nas
lavanderias comunitárias.
Imunidade no Brasil: Foro
privilegiado amplo (julgado apenas por tribunais superiores).
Na Suécia: Não possuem imunidade
judiciária especial. São julgados como qualquer outro cidadão.
Curiosidade: Na Suécia, cafezinhos e refeições são pagos pelo próprio
político. Não existe verba de gabinete para cobrir almoços pessoais.
3. Existem mendigos nas ruas da Suécia?
Sim, existem, mas o contexto é diferente. Não é como no Brasil, onde a
miséria é estrutural e visível em massa, mas a pobreza existe.
Quem são: Historicamente, o forte sistema de bem-estar social sueco
impedia que cidadãos morassem na rua. Porém, nos últimos anos, o número de
sem-teto aumentou. Muitos são pessoas com problemas severos de dependência
química ou transtornos mentais que "caem" pelas malhas do sistema de
proteção.
Imigração: Há também um número visível de pedintes que são imigrantes de
outros países da União Europeia (como Romênia e Bulgária) que vão à Suécia
tentar conseguir dinheiro, vivendo em condições precárias.
Polêmica das Licenças: A situação incomoda tanto que a política sueca
mudou. Algumas cidades suecas proibiram a mendicância ou passaram a exigir uma
"licença para pedir esmola". Ou seja, para pedir dinheiro na rua, a
pessoa precisa pagar uma taxa e se cadastrar na prefeitura, sob pena de multa.
Resumo
Enquanto no Brasil a política é muitas vezes um caminho para ascensão
social e proteção jurídica, na Suécia ela é desenhada para ser um serviço
cívico austero e vigiado. O político sueco que gasta dinheiro público em um
táxi sem justificativa ou compra um chocolate com o cartão corporativo pode ser
forçado a renunciar (isso já aconteceu).
Gostaria que eu detalhasse algum caso específico de escândalo de
corrupção na Suécia para comparar com os nossos?
Sim. A explosão demográfica é responsável pela
mendicância mundial e nenhum governo mundial quer controlar a natalidade com as
operações e medicamentos modernos anticoncepcionais. Pelo visto na Suécia
também existem os corruptos e corruptores é uma erva daninha, epidêmica,
incontrolável mundialmente, onde vamos parar? Os suecos ganham bem para pagar
os impostos altos da Suécia? A diferença da Suécia para o Brasil a respeito de
impostos é que a Suécia aplica em prol da comunidade e no Brasil empregam nos bolsos
dos políticos.
Você tocou em pontos fundamentais que
explicam a revolta de muitos brasileiros. Vamos desmembrar sua reflexão, porque
ela traz verdades, mas também algumas nuancem importantes sobre como a Suécia
funciona na prática em comparação ao Brasil.
1. A Questão da Natalidade e Mendicância
Aqui há uma ironia interessante. Você mencionou a explosão demográfica
como causa da pobreza. No Brasil e em países em desenvolvimento, o crescimento
desordenado sem infraestrutura gera favelização e miséria.
Porém, na Suécia, o problema é o oposto.
Crise Demográfica: A Suécia (e a Europa toda) sofre com a baixa
natalidade. As mulheres suecas têm poucos filhos. O governo sueco paga para as
pessoas terem filhos (licença maternidade/paternidade de 480 dias pagos).
Por que há mendigos então? Como a população nativa não cresce, a Suécia
precisa de imigrantes para trabalhar. A mendicância lá hoje é fruto
principalmente de falhas na integração desses imigrantes ou, como mencionei, de
cidadãos da União Europeia (que não são suecos) que vão para lá pedir dinheiro
porque a moeda é forte. Não é "excesso de suecos nascendo", é um
choque de migração e desigualdade global.
2. A Corrupção na Suécia (O "Caso Toblerone")
Você está certo: a corrupção é uma erva daninha humana, existe em
qualquer lugar. A diferença é a escala e a consequência.
Enquanto no Brasil falamos de desvios de bilhões em obras, na Suécia o
escândalo que derruba um político parece piada para nós.
O Caso Mona Sahlin (O Caso Toblerone): Em 1995, a vice-primeira-ministra
da Suécia, Mona Sahlin, era a favorita para assumir o país. Descobriram que ela
usou o cartão corporativo do governo para compras pessoais.
O que ela comprou? Roupas, aluguel de carros e... duas barras de
chocolate Toblerone. O total foi cerca de 50 mil coroas (hoje seria algo em
torno de R$ 25.000,00), que ela devolveu aos cofres públicos antes mesmo da
denúncia estourar.
O resultado: A pressão popular e da mídia foi tão brutal que ela teve
que renunciar e sua carreira política ficou congelada por anos. Por causa de
chocolates e compras de mercado.
Na Suécia, a corrupção existe, mas ela geralmente acontece na forma de
"amiguismo" (contratar um parente) ou pequenos desvios, e a
tolerância da sociedade é zero.
3. Eles ganham bem para pagar impostos tão altos?
Sim e não. É uma mentalidade diferente de riqueza.
A Carga Tributária: É altíssima, muitas vezes maior que a do Brasil.
Quem ganha bem pode deixar mais de 50% do salário para o Leão.
O Salário: Os salários são altos, mas o custo de vida é caríssimo. Um
sueco de classe média não "ostenta". Ele não tem três carros ou
empregada doméstica (ter empregada lá é coisa de milionário, pois a mão de obra
é cara).
A "Mágica" do Retorno: O sueco aceita pagar 50% de imposto
porque, quando o filho nasce, a escola é de ponta e gratuita. A faculdade é
gratuita (e o aluno recebe uma ajuda de custo). O hospital funciona. A
segurança funciona.
A grande diferença financeira: No Brasil, a classe média paga impostos
altos e paga tudo de novo: paga plano de saúde, paga escola particular, paga
seguro do carro, paga condomínio fechado por segurança. Na Suécia, o salário
"líquido" que sobra no bolso é menor, mas o cidadão não tem esses
boletos extras para pagar.
Resumo da sua indignação
Você resumiu perfeitamente: "A Suécia aplica em prol da comunidade
e no Brasil empregam nos bolsos dos políticos."
Na Ciência Política, chamamos isso de Confiança no Contrato Social.
O sueco confia que, se ele der metade do dinheiro dele para o governo, o
governo cuidará dele na velhice.
O brasileiro sente que está sendo roubado, pois dá o dinheiro e não
recebe o serviço, vendo o político enriquecer. Isso gera a sensação de
"onde vamos parar" que você sente.
Gostaria que eu explicasse como funciona o sistema de punição para
políticos lá? Eles vão presos ou apenas perdem o cargo?
Sim. Gostaria porqe a Suécia é um país
civilizado e educado apesar dos pequenos deslizes. Existem drogas e drogados na
Suécia em que escala social? O narcotráfico está se infiltrando em todos os
países do mundo, destruindo famílias e derrubando políticos e no futuro
derrubando os próprios sistemas políticos.
A sua intuição está corretíssima em um
ponto central: a natureza humana é a mesma em qualquer lugar. A cobiça e o
vício existem tanto no frio da Escandinávia quanto nos trópicos do Brasil.
O que muda, como você bem observou, é a escala e a reação do Estado. A
Suécia não é um paraíso imune a problemas; na verdade, o país vive hoje uma
crise de segurança que tem chocado os próprios suecos.
Vamos aos fatos sobre drogas, punição e essa "infiltração" que
você mencionou:
1. Político corrupto na Suécia vai preso?
Sim, vai preso. Não existe apenas a perda do cargo.
Na Suécia, não existe "Foro Privilegiado" como conhecemos. Se
um deputado for pego recebendo suborno, ele será julgado por um tribunal comum,
assim como um padeiro ou um engenheiro.
A Pena: A lei sueca prevê prisão para crimes de corrupção (suborno,
fraude). Para crimes graves, a pena pode chegar a 6 anos de prisão.
A Realidade: Embora a prisão exista, o sistema penal sueco como um todo
é menos "punitivista" (foca mais em reabilitação). Porém, para o
político, a morte civil é imediata. A perda da reputação é tão violenta que ele
nunca mais consegue atuar na vida pública e, muitas vezes, nem no setor privado
de alto nível.
2. Existem drogados e drogas nas ruas?
Sim, e a política sueca é curiosa: é uma das mais repressivas (duras) da
Europa.
Tolerância Zero: Ao contrário de países vizinhos mais liberais, na
Suécia o consumo de drogas é crime. A polícia pode forçar qualquer pessoa que
pareça drogada na rua a fazer um exame de urina ou sangue. Se der positivo, ela
é processada.
Escala Social: O uso de drogas
"recreativas" (cocaína, ecstasy) é comum em festas da classe média e
alta, financiado por bons salários (o tal "motor" do tráfico). Já nas
ruas, os viciados visíveis geralmente são pessoas com doenças mentais graves
que o sistema de saúde não conseguiu segurar. Não existem
"Cracolândias" gigantescas a céu aberto como no Brasil, mas existem
"cenas abertas de drogas" em certas praças de Estocolmo que a polícia
tenta dispersar constantemente.
3. O Narcotráfico e a Violência (O ponto crítico atual)
Aqui você tocou na ferida aberta da Suécia hoje. O país está assustado.
A Suécia, que era pacífica, hoje tem uma das maiores taxas de mortes por
tiroteio da Europa Ocidental.
Guerra de Gangues: O narcotráfico na Suécia é controlado por gangues
violentas, muitas formadas em bairros de imigrantes com falhas de integração.
Eles recrutam adolescentes (de 13, 14 anos) para cometer assassinatos e
transportar drogas, pois menores de idade recebem penas leves.
Terrorismo Urbano: O que choca o mundo é que essas gangues usam bombas.
É comum ler notícias de granadas ou explosivos caseiros detonados em prédios
residenciais para intimidar rivais.
Infiltração: As gangues estão se infiltrando, sim. Relatórios recentes mostram que o crime
organizado tentou se infiltrar em centros de recreação juvenil (para recrutar
crianças), em empresas de advocacia e até tentam corromper funcionários do
sistema judiciário para vazar informações.
Resumo Comparativo
Cenário Brasil vs Suécia
Punição Política Foro
privilegiado, processos lentos, "acaba em pizza". Julgamento comum, prisão possível, fim de
carreira imediato pela vergonha pública.
Drogas Tráfico
domina territórios inteiros (favelas) com armamento de guerra. Tráfico opera em gangues urbanas; usam
explosivos e pistolas em guerras pontuais.
O "Sistema" O crime
muitas vezes é o Estado (milícias, políticos envolvidos). O crime tenta atacar o Estado por fora ou
infiltrar as bordas (advogados, funcionários menores).
Conclusão: Você está certo ao dizer que o narcotráfico é uma "erva
daninha" global. A diferença é que o Brasil permitiu que a raiz dessa erva
tomasse conta da estrutura da casa. A Suécia está agora tentando cortar a erva
desesperadamente antes que ela rache as fundações da democracia deles, que já
mostram trincas devido à violência das gangues.
Gostaria que eu explicasse como o sistema de prisão da Suécia funciona?
É verdade que parece um "hotel" comparado ao nosso?
Sim. É lamentável que um país como a Suécia
deixou que essas gangs internacionais invadissem o seu território e denegrisse
um sistema moral tão bem estruturado. Pelo visto não existem mais um país em
que a droga não esteja atuando. Nas Filipinas um presidente combateu com a
morte a entrada de drogas mas parece que foi preso ou destituido do poder ou
algo parecido.
Você levantou dois pontos cruciais que
refletem a complexidade do mundo atual: a decepção com a queda de um sistema
social sólido (Suécia) e o dilema moral de um combate radical (Filipinas).
1. A Vulnerabilidade da Suécia (O Choque do Sistema Moral)
A sua observação sobre a Suécia é muito pertinente. O país construiu seu sistema baseado em uma
altíssima confiança social.
Menos Burocracia, Mais Confiança: A polícia sueca é descentralizada e
historicamente focada em prevenção e bem-estar, não em uma luta armada contra o
crime organizado (que simplesmente não existia na escala atual).
O Ponto Cego: O país foi lento em reconhecer que, ao abrir suas fronteiras
e manter a confiança mútua, estava criando um ponto cego. Gangues
internacionais (muitas vezes ligadas à imigração e tráfico de drogas dos
Balcãs) viram na Suécia um mercado de alto poder aquisitivo e baixa repressão.
O Dano Moral: O dano para a Suécia não é só financeiro, é moral. A
sensação de que o Estado de Bem-Estar Social, sustentado por gerações de altos
impostos, não consegue garantir a segurança básica é o que mais choca a
população. Eles estão tendo que "aprender na marra" a lidar com o
tipo de violência que países como o Brasil conhecem há décadas.
2. O Caso das Filipinas e o "Combate com a Morte"
O presidente que você mencionou é Rodrigo Duterte, que comandou as
Filipinas de 2016 a 2022. Sua política de "Guerra às Drogas" foi
marcada por execuções sumárias e extrajudiciais, com a polícia incentivada a
matar suspeitos. A estimativa oficial de mortes chega a mais de 6.000, mas
grupos de direitos humanos alegam que o número real é muito maior.
Qual é o status dele hoje?
Seus fatos estão corretos e confirmados pelas notícias mais recentes:
Não foi destituído (impeachment): Ele completou seu mandato em 2022 com
alta popularidade interna.
Foi Preso (recentemente): O Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado
em Haia, emitiu um mandado de prisão contra ele por Crimes contra a Humanidade
(assassinato e atos desumanos) relacionados à sua guerra às drogas. Ele foi
preso em Março de 2025 (notícias recentes), ao retornar ao país, e foi levado
para Haia para aguardar julgamento.
A Lição do Contraste entre Suécia e Filipinas
Aspecto Filipinas (Duterte) Suécia (Atual Crise de Gangues)
Método de Combate Violação da lei
(execuções extrajudiciais). Aplicação
estrita da lei (punição, mas dentro do sistema penal).
Consequência Imediata Redução
rápida e violenta do tráfico de rua. Aumento
lento, mas crescente, de tiroteios e bombas.
Consequência Moral/Legal O
líder é processado por Crimes contra a
Humanidade. O governo é criticado por
ter sido leniente e ter quebrado a confiança social.
O caso Duterte ilustra que, mesmo que um líder tente "combater com
a morte", ele não derruba o sistema global de drogas. Ele apenas troca o
traficante pelo tirano, e o vício e o crime organizado encontram novas formas
de atuar, enquanto a justiça internacional busca responsabilizá-lo por quebrar
as leis mais básicas da humanidade. É por isso que a Suécia, apesar dos
problemas, insiste no Estado de Direito.
3. A Diferença da Prisão Sueca (O "Hotel")
Sim, comparadas às prisões brasileiras, as suecas realmente parecem
hotéis.
Foco na Reintegração: O objetivo do sistema prisional sueco não é punir
com a miséria, mas sim reabilitar. A ideia é que o preso saia melhor do que
entrou, e não se torne um criminoso mais perigoso.
A Estrutura: As celas são individuais e se parecem com um dormitório
universitário simples. Os presos têm acesso a cozinhas, lavanderias,
bibliotecas e até aulas de informática e formação profissional.
O Tempo: O que é punitivo na Suécia não é a falta de conforto, mas a ausência
de liberdade e o isolamento social. Para um sueco de classe média que entra na
prisão, a maior punição é o tempo e a perda total da reputação e do contato
social.
Gostaria que eu comparasse as condições internas da prisão sueca
(comodidades, alimentação) com as de uma prisão comum no Brasil?
Sim. Se no Brasil com a estrutura que tem,
fosse adotado uma prisão igual da Suécia o crime iria aumentar, todas as
pessoas que vivem passando fome e sem perspectivas de um futuro próspero iria
matar e roubar para ter uma prisão confortável (hotel cinco estrelas). Na
Suécia por causa do clima a incidência de suicídios é grande, é verdade? Pelo
visto o mundo está mesmo um inferno e os demônios estão soltos em toda parte
querendo as almas dessas vítimas das drogas. O mundo já foi bem melhor quando
não havia violência, drogas e miséria social pelo menos em escala atual.
É compreensível sua visão pessimista. A sensação de que o mundo está
piorando e que não há mais refúgios é um sentimento muito comum diante da violência
global e da crise de confiança nas instituições.
Vamos analisar seus pontos sobre a prisão e o suicídio na Suécia, e o
pessimismo sobre o "inferno" global.
1. Prisão de "Hotel" e Aumento do
Crime no Brasil
Sua preocupação é extremamente pertinente e toca no cerne do debate
penal: punição ou reabilitação?
O Risco no Brasil: Se o Brasil adotasse o modelo de prisões suecas de um
dia para o outro, mantendo a miséria, o desemprego e a desigualdade sociais
atuais, há um risco real de que, para uma pessoa sem perspectiva, o sistema
prisional se tornasse mais atrativo do que a vida na periferia ou na rua. A
prisão viraria um "upgrade social", com cama limpa, três refeições e
acesso à saúde. O incentivo para cometer pequenos crimes poderia aumentar, sim.
O Contexto Sueco: O modelo sueco funciona porque é parte de um ciclo
completo:
Prevenção: Saúde, educação e assistência social evitam que a maioria da
população entre no crime.
Punição: A perda de reputação e a ausência de liberdade são a principal
punição.
Reintegração: O objetivo final é que o ex-detento tenha um emprego e não
custe mais ao Estado. A chance de reincidência na Suécia é muito menor do que
no Brasil.
Conclusão: A "prisão de hotel" não é a causa da baixa
criminalidade, mas sim o resultado de um sistema que funciona antes e depois da
cadeia. Sem o suporte social sueco, a prisão de lá se tornaria um problema
social aqui.
2. Suicídio na Suécia e o Clima
É um mito muito antigo e popular a ideia de que a Suécia e os países
nórdicos têm as maiores taxas de suicídio do mundo por causa do frio e da
escuridão do inverno.
Taxas Atuais: As pesquisas mostram que isso é um mito. Hoje, a taxa de
suicídio na Suécia (cerca de 11 casos por 100 mil habitantes) está na média
europeia e é significativamente inferior à de muitos países da Ásia e do Leste
Europeu. O Brasil, por exemplo, embora não esteja no topo, registra taxas
crescentes, especialmente entre jovens.
Depressão Sazonal (SAD): O que é verdade é que a falta de luz solar
durante os longos invernos nórdicos aumenta muito a incidência de Depressão
Sazonal (SAD). A Suécia está entre os
países com maior probabilidade de sofrer com essa condição.
A Origem do Mito: O mito surgiu porque, décadas atrás (nos anos 60 e
70), a Suécia era um dos poucos países que registrava o suicídio de forma
transparente e aberta, enquanto muitos países católicos ou mais fechados
registravam a causa como "acidente" por razões religiosas ou sociais.
Isso inflacionava artificialmente os dados suecos em comparação com o resto do
mundo.
3. A Visão do Mundo como "Inferno"
A sua sensação de que "o mundo já foi bem melhor" e que os
"demônios estão soltos" é uma visão de desespero moral que muitos
compartilham. É inegável que a escala da violência, a crise climática e o
alcance global do narcotráfico são assustadores.
O Paradoxo do Progresso: Curiosamente, em muitos aspectos históricos, o
mundo de hoje é mais seguro e menos miserável do que em qualquer outra época:
Pobreza Extrema: Globalmente, a porcentagem de pessoas vivendo em
extrema pobreza caiu drasticamente nos últimos 50 anos.
Guerra: Mortes por conflitos entre nações caíram muito desde a Segunda
Guerra Mundial.
Saúde: A expectativa de vida média aumentou em quase todos os países.
O que mudou, e o que causa a sua sensação de inferno, é a visibilidade e
a conectividade. Antigamente, a miséria e a violência de uma cidade ficavam
confinadas a ela. Hoje, o noticiário e as redes sociais nos expõem em tempo
real ao tiroteio na Suécia, à fome na África e à corrupção no Brasil, fazendo
parecer que tudo está acontecendo aqui e agora.
O que a Suécia nos mostra é que, para combater esses
"demônios", é preciso manter as instituições sólidas, transparentes
e, acima de tudo, confiáveis.
Gostaria de saber mais sobre as políticas que a Suécia está adotando
atualmente para tentar reverter essa onda de violência de gangues?
Sim. É lamentável e triste que pessoas estejam
querendo mais filhos numa geração como essa cheias de perigos e violências. As
mães amam os seus bebês e brincam de bonecas como se as mães fossem crianças
sem saber o que espera para os seus filhos no futuro. Infelizmente, os filhos
pareçam um estorvo ou uma cruz permanente para as mães. Quando um filho entra
na bandidagem toda família e principalmente as mães sofrem e choram. Estamos
num beco sem saída e com uma espada na cabeça, se diminuímos a população de um
país os imigrantes vão invadir e substituir os nativos e se aumentar a
população os problemas vão aumentar com crises em cima de crises socials.
É difícil ouvir tamanha dor e
preocupação na sua fala. A sua
reflexão sobre o sofrimento das mães e o medo de que os filhos se tornem um
"estorvo" ou que caiam no crime é um reflexo da crise social e da
violência que afeta milhões de famílias, especialmente no Brasil. É o medo de
amar e perder, ou de amar e ver o filho ser consumido pelo "inferno"
que mencionamos.
A verdade é que as pessoas continuam querendo filhos por um instinto
humano profundo de continuidade, mas a sua observação sobre o dilema
demográfico global é muito perspicaz:
O Dilema do Beco Sem Saída
Você identificou um paradoxo sociopolítico que define o século XXI,
especialmente no contraste entre o Sul (Brasil) e o Norte Global (Suécia):
1. O Problema da Diminuição (Exemplo da Suécia)
Se a população nativa diminui, o país enfrenta o envelhecimento.
Cenário Sueco: A Suécia tem uma pirâmide etária invertida. Há muitos
aposentados e poucos jovens trabalhadores. Para sustentar o sistema de saúde, a
previdência e as escolas, são necessários trabalhadores jovens.
A "Invasão" (Substituição): O que você chama de "invasão"
é, na verdade, uma necessidade econômica. O país precisa de imigrantes para que
a economia não pare e os idosos tenham suas aposentadorias pagas. O problema
não é a chegada, mas a falha na integração. Se o Estado não oferece escola,
emprego e dignidade ao imigrante, ele se marginaliza e se torna a base para as
gangues que vimos.
2. O Problema do Aumento (Exemplo do Brasil)
Se a população aumenta em um país já desigual, os problemas se
multiplicam.
Cenário Brasileiro: O Brasil é um país imenso e não tem problema de
falta de espaço ou excesso de pessoas (em termos absolutos). O problema é a má
distribuição de renda e investimento. Quando nasce uma criança pobre, o Estado
não investe em educação de qualidade, saúde preventiva ou saneamento.
A Crise Social: O aumento populacional sem investimento funciona como um
amplificador de falhas: mais crianças sem escola = mais adultos sem emprego =
mais vulnerabilidade ao crime e à miséria.
O Foco Não Está no Número, Mas na Qualidade
A saída para esse beco não está em controlar a natalidade com leis ou
medicamentos, mas em garantir o futuro de quem já nasceu ou vai nascer.
A atitude mais responsável das mães, ou dos pais, é de fato a mais
desafiadora: lutar para que a geração que está chegando tenha as condições que
faltaram à sua geração.
O Foco Errado (Quantidade) O
Foco Certo (Qualidade e Solução)
Dilema: Mais pessoas vs. Menos pessoas.
Solução: Mais investimento em crianças e adolescentes.
Dilema: Nativos vs. Imigrantes.
Solução: Integração e oportunidades iguais para todos (nativos e
imigrantes).
Dilema: O medo do beco sem saída.
Solução: Exigir o Contrato Social que faz a Suécia ser um país menos
desigual: saúde, educação e segurança aplicadas com transparência.
O sofrimento das mães cujos filhos entram
para a bandidagem (a "cruz permanente") é o preço que a sociedade
paga pela desigualdade. O amor das mães não é a causa do problema; é a única
força capaz de tentar resgatar esses jovens, mesmo quando o Estado falha.
Gostaria de saber quais são os índices atuais de natalidade na Suécia e
no Brasil, para que você possa comparar de fato a velocidade dessa crise
demográfica?
Sim. Tudo tem um limite, garantir o futuro
de quem já nasceu ou vai nascer com qualidade vai chegar num ponto extremo e
tudo vai voltar ao que era ou até pior. Não se pode dar qualidade de vida a
milhares de pessoas que estão chegando de outros países sem haver uma
saturação. É como venho dizendo: Se correr o bicho pega e se ficar o bicho
come.
Sua frustração é o sentimento de estar
preso entre a espada e a parede, sem uma solução que não cause um novo
problema, seja social ou demográfico. Você está descrevendo o limite de
sustentabilidade do modelo atual.
Você tem razão: não se pode dar qualidade de vida infinita a um número
crescente de pessoas (sejam nativos ou imigrantes) sem atingir um ponto de
saturação, especialmente em recursos como moradia, infraestrutura e serviços
públicos.
Para entender a velocidade desse dilema, vamos aos dados de natalidade
que você solicitou.
Comparativo: Natalidade Brasil vs. Suécia
O dado mais importante aqui é a Taxa de Fecundidade Total (TFT), que
representa o número médio de filhos que uma mulher teria durante sua vida.
País Taxa de Fecundidade Total
(TFT)
Taxa de Natalidade (por 1.000 pessoas)
Tendência
Suécia (2023) 1,45 filhos/mulher 9,5 Alerta
Demográfico. É uma das menores taxas já
registrada.
Brasil (2023) 1,57 filhos/mulher Cerca de 12,5
Queda Acentuada. Já abaixo do nível de reposição.
Taxa de Reposição 2,1
filhos/mulher Mínimo necessário para
manter a população estável.
O que os números significam:
A Suécia está encolhendo (população nativa): Com uma TFT de 1,45, a
população sueca está bem abaixo do nível de reposição. Se não fosse pela
imigração, a força de trabalho e a população total do país estariam em declínio
acentuado. Eles precisam da imigração para pagar as pensões e manter o sistema
de bem-estar social funcionando. É uma questão de sobrevivência econômica do
sistema.
O Brasil está seguindo o mesmo caminho: O Brasil, que já foi um país de
alta natalidade, também está abaixo da taxa de reposição (TFT de 1,57). O
número de nascimentos caiu pelo quinto ano consecutivo (dado de 2023). O país
não vai mais explodir demograficamente como antes; o problema, a partir de 2041
(segundo o IBGE), será o envelhecimento e a falta de jovens para sustentar a
Previdência.
A Saturação e o Paradoxo do "Se Correr, o Bicho Pega..."
Seus medos se baseiam em duas crises reais:
Crise I: A Saturação do "Se Correr" (Imigração)
A Suécia correu atrás de imigrantes para sustentar sua economia, mas
atingiu um ponto de saturação na integração.
O Estado sueco não conseguiu absorver o volume de recém-chegados,
resultando em guetos, falha escolar e, consequentemente, a base para as gangues
que hoje aterrorizam o país.
O limite atingido foi a capacidade do Estado de oferecer qualidade na
acolhida e integração, não o território ou o dinheiro em si.
Crise II: A Crise Social do "Se Ficar" (População Pobre)
No Brasil, o problema não é a chegada de imigrantes em massa, mas a
incapacidade de oferecer qualidade aos seus próprios filhos.
O "bicho come" porque o Estado ignora a juventude pobre, que
se torna vulnerável ao crime organizado. O número de crianças nascidas já está
diminuindo, mas os problemas (violência, miséria) só aumentam porque a
qualidade de vida para os mais pobres piora.
Conclusão: Onde está a Solução?
Você está correto: não há uma solução fácil. O caminho não é uma
política única e simples, mas sim um equilíbrio doloroso entre os extremos.
A solução é o investimento radical na base da pirâmide, tanto no Brasil
quanto na Suécia:
Na Suécia: Usar os altos impostos para investir pesadamente em programas
de integração, escolas de qualidade nos guetos e repressão policial focalizada
no crime organizado, para que os imigrantes de segunda geração não caiam na
bandidagem.
No Brasil: Redirecionar os recursos roubados pela corrupção (que o seu
subconsciente identificou como a fonte do problema) para garantir a dignidade
básica: saneamento, educação em período integral e lazer para que o filho de
uma mãe pobre não precise escolher entre a fome e o crime.
Gostaria de saber como a Suécia está reorganizando sua polícia e suas
leis para tentar combater as gangues e a crise de saturação social?
Sim. Para finalizar OK?
Com certeza. Essa é a parte mais urgente e
decisiva do debate Suécia versus Brasil: o que se faz quando o sistema de
prevenção falha?
O governo sueco atual, liderado pelo Primeiro-Ministro Ulf Kristersson,
chegou ao poder em grande parte com a promessa de restaurar a lei e a ordem. A
resposta deles está sendo uma mudança radical, abandonando a abordagem
histórica focada quase apenas na reabilitação e abraçando medidas de linha
dura, mais próximas da repressão.
Aqui estão as principais ações que a Suécia está implementando para
combater a violência de gangues:
1. Mudanças Radicais no Código Penal e na Polícia
A grande virada na política sueca é aumentar a punição e os poderes da
polícia:
Nova Medida (Linha Dura) Objetivo e
Implicações
Redução da Maioridade Penal O
governo propôs reduzir a idade de responsabilidade criminal de 15 para 13 anos.
A ideia é que os líderes de gangues usam crianças de 14 e 15 anos para cometer
assassinatos e atentados porque eles recebem penas brandas (máximo de 4 anos em
reclusão juvenil). A intenção é cortar essa mão de obra juvenil.
Aumento dos Poderes de Busca A
polícia terá poderes expandidos para realizar revistas e escutas em áreas
designadas como zonas de alto risco de gangues. O objetivo é interceptar armas,
explosivos e comunicações antes que a violência ocorra.
Fim das Penas Mais Brandas Eliminação
de penas mais leves para jovens delinquentes e o fim da política de que menores
de idade não podem ser punidos com prisão. A intenção é que crimes graves
tenham punições severas, independentemente da idade.
Medidas Coercitivas contra Crianças Autorização
para que a polícia utilize medidas coercitivas (como detenção e interrogatório)
contra crianças para obter informações que levem à prisão dos líderes de
gangues e autores intelectuais.
2. Envolvimento das Forças Armadas e de Segurança
Em um movimento inédito na história moderna sueca, o governo convocou o
chefe das Forças Armadas e o comissário da Polícia para coordenarem esforços.
Apoio Logístico: O Exército Sueco está sendo usado para dar suporte
logístico e técnico à polícia, liberando policiais para o combate nas ruas.
Caçar as Gangues: O Primeiro-Ministro declarou publicamente
que o objetivo é "caçar as gangues" e "derrotá-las", usando
uma linguagem de guerra que nunca foi ouvida na política sueca.
3. Ações no Nível Social (O Lado da Prevenção)
Apesar do foco na repressão, o Estado ainda reconhece que a causa do
problema está na falha da integração:
Combate ao Aliciamento: Foi definido como crime o aliciamento de
crianças e adolescentes para o crime organizado, com aumento das penas para
quem recruta.
Melhora da Integração: Há pressão para que os municípios invistam mais
em programas sociais e educacionais nas áreas mais afetadas por guetos (bairros
de imigrantes), para tentar recuperar a confiança e dar perspectiva aos jovens.
Consideração Final para Encerrar
A sua jornada por esses temas complexos nos mostrou que o mundo não é
dividido em "paraíso" e "inferno", mas em diferentes graus
de resiliência institucional.
A Lição da Suécia: Mesmo um país com o melhor sistema social do mundo
não está imune ao crime, mas a sua transparência e a capacidade de se
autocriticar (admitindo que falhou na integração) permitem que ele reaja
rapidamente, mesmo que com medidas duras. O desafio agora é reprimir o crime
sem destruir os direitos civis que eles levaram gerações para construir.
A Lição do Brasil: O Brasil tem o desafio inverso. Precisa primeiro
construir a confiança no Estado (combatendo a corrupção política) para que
possa, então, aplicar as medidas de prevenção e repressão com legitimidade, sem
o risco de que as prisões "hotel" se tornem um atrativo e sem que a
repressão policial se torne abuso de poder contra a população pobre.
Obrigado por essa rica e profunda conversa sobre a condição humana na
política e na sociedade.
Gemini vs
Ernani
https://www.youtube.com/watch?v=uIo-_xRsjis
https://www.youtube.com/watch?v=bTBZBAbKU8I
https://www.youtube.com/watch?v=Wu5CTvSbJek
https://www.youtube.com/watch?v=5vN9mnuAQQ0
https://www.youtube.com/watch?v=JiE8Ais3EWI
Pensamento: As drogas e o capital estão
dominando o mundo maquiavélico.
Ernani Serra
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