Por que o narcotráfico da Venezuela é considerado
um narcoterrorismo e o Brasil com os mesmos carteis de drogas não é considerado
por Trump de narcoterrorismo.
Essa diferença de classificação, onde o narcotráfico da Venezuela é
rotulado como "narcoterrorismo" pelo governo dos EUA (especificamente
durante a administração de Donald Trump) e o do Brasil não recebe a mesma
designação, é amplamente vista como uma decisão com motivações políticas e
geopolíticas por parte de Washington.
Aqui estão os principais pontos que explicam essa distinção:
1. A Relação entre o Governo Venezuelano e o Narcotráfico (Alegação dos
EUA)
O cerne da classificação de "narcoterrorismo" na Venezuela repousa na acusação direta do
governo dos EUA de que o alto escalão do regime de Nicolás Maduro, incluindo o
próprio presidente, estaria profundamente envolvido e se beneficiando do
narcotráfico.
Envolvimento Estatal: Os EUA indiciaram formalmente Maduro e outros
líderes por supostamente chefiarem o "Cartel de Los Soles", que seria
uma rede de tráfico de drogas operada a partir das Forças Armadas.
Justificativa para Ação: Ao rotular o narcotráfico como
"narcoterrorismo" e acusar o chefe de Estado de liderá-lo, o governo
dos EUA justifica a imposição de sanções mais duras, o envio de forças
militares (como navios de guerra) para a região e a ameaça de ações diretas,
alegando a necessidade de combater uma ameaça à segurança nacional americana. A
designação de terrorismo permite uma gama mais ampla de ações legais e
militares do que o simples combate ao crime organizado.
2. O Conceito de Narcoterrorismo e a Posição dos EUA
O termo narcoterrorismo, originalmente criado para descrever a violência
usada por traficantes com fins políticos (como na Colômbia nos anos 80), tem
sido usado de forma mais abrangente pela política externa dos EUA para grupos
que combinam tráfico de drogas e violência, especialmente se houver um
interesse político subjacente.
Fim Político: Na prática, muitos analistas apontam que a designação se
aplica mais facilmente a regimes com os quais os EUA mantêm uma relação hostil.
O uso do termo na Venezuela ajuda a deslegitimar o governo Maduro e a
justificar uma postura agressiva contra ele.
Diferença com o Brasil: No Brasil, embora existam facções criminosas
poderosas (como o PCC e o Comando Vermelho), as autoridades brasileiras e o próprio
governo dos EUA as tratam como organizações criminosas que buscam
principalmente ganho econômico, e não como entidades com objetivos políticos ou
ideológicos de causar terror contra a população e o Estado. O governo
brasileiro, inclusive, resiste a equiparar o crime organizado ao terrorismo,
temendo que isso possa abrir precedentes para intervenções externas.
3. As Relações Geopolíticas e a Soberania
A principal diferença reside nas relações diplomáticas e no interesse
geopolítico:
Característica Venezuela Brasil
Relação com os EUA Hostil. Os
EUA não reconhecem o governo de Nicolás Maduro.
Parceiro (com divergências pontuais) e aliado estratégico na América do
Sul.
Natureza da Ameaça O governo dos
EUA alega um "narcoestado" (embora a maioria dos especialistas
rejeite o termo) onde o Estado está diretamente no comando do tráfico. Ameaça de crime organizado
transnacional, sem acusações de envolvimento direto e sistêmico do governo
federal.
Objetivo Político Usar a
classificação para pressionar por uma mudança de regime e justificar ações
militares. Manter a cooperação em
segurança regional e combater o crime por meio de parcerias bilaterais.
Em resumo, a classificação de "narcoterrorismo" na Venezuela é
vista por muitos como uma ferramenta de pressão política usada para justificar
ações contra um regime considerado ilegítimo pelos EUA, diferentemente do
Brasil, que é visto como um parceiro regional com um desafio de crime
organizado.
Gostaria que eu pesquisasse as sanções específicas que os EUA impuseram à
Venezuela sob a alegação de "narcoterrorismo"?
O PCC e CV vivem fazendo o terror nas
comunidades e enfrentam a polícia com armas de guerra, e cometem crimes
hediondos com torturas e isso não é um terrorismo? Por acaso as drogas dos
países sulamericanos não vão também para o mercado dos EUA? O Trump com dois
pesos e duas medidas. Se o Trump diz que está combatendo o narcotráfico então
tem que combater em todo o Hemisfério Sul.
Seu questionamento toca no ponto crucial
da geopolítica e da aplicação seletiva do conceito de terrorismo pelos Estados
Unidos, especialmente durante a gestão de Donald Trump.
É inegável que facções como o PCC e o Comando Vermelho (CV) aterrorizam comunidades,
empregam táticas de violência extrema (incluindo torturas e assassinatos
hediondos) e desafiam o Estado com armamento pesado. Do ponto de vista da
violência e do impacto social, esses atos frequentemente se assemelham ao
terrorismo.
No entanto, a diferença na classificação entre Venezuela e Brasil é,
como você aponta, uma questão de "dois pesos e duas medidas" que se
baseia em dois pilares principais: Político-Estatal vs. Econômico-Criminosa e
Soberania Nacional.
1. A Distinção Legal e Política (Motivação vs. Lucro)
A principal diferença que os EUA utilizam para justificar a
classificação reside no objetivo final das organizações, de acordo com sua lei
e política externa:
Classificação dos EUA Venezuela: Narcoterrorismo (Maduro/Cartel de Los Soles) Brasil: Crime Organizado Transnacional (PCC/CV)
Alegação Chave O alto escalão
do Estado é o operador direto do tráfico, buscando manter o poder político e
desestabilizar o país (e a região) por meio da droga. As facções são organizações não-estatais que buscam lucro econômico
(pecuniário), embora usem a violência para esse fim.
"Terrorismo" A violência
e o tráfico são usados para atingir objetivos políticos/estatais. A violência, embora cause terror, é vista
primariamente como um meio de garantir o negócio (tráfico de drogas, armas e
extorsão).
Consequência Geopolítica Justifica a ação como combate a uma ameaça à
segurança nacional, abrindo portas para sanções mais amplas e intervenção
militar/naval. Justifica a cooperação
em segurança, inteligência e o combate ao crime transnacional por meio de
parcerias bilaterais com o governo local.
O governo americano, sob a gestão Trump, buscou forçar o Brasil a
classificar o PCC e o CV como terroristas, mas o governo brasileiro (e muitos
especialistas) resistiu, alegando que essas facções não seguem uma ideologia
política ou religiosa, mas sim uma lógica de mercado ilícito.
2. A Questão da Soberania e da Cooperação
A designação de "Organização Terrorista Estrangeira" (FTO)
pelos EUA para um grupo dentro de um país tem implicações diretas na soberania
desse Estado:
Risco de Intervenção: Classificar o PCC e o CV como terroristas nos
moldes dos EUA abriria uma brecha, segundo analistas e diplomatas brasileiros,
para que o governo americano justificasse o uso de suas Forças Armadas em território
brasileiro, alegando combater uma ameaça à sua segurança nacional.
Apoio Governamental: O Brasil é um parceiro estratégico e democrático
dos EUA, apesar de divergências. A designação de "narcoterrorismo" na
Venezuela foca na ilegitimidade e no envolvimento do regime Maduro, que os EUA
não reconhecem. No Brasil, embora o tráfico sul-americano chegue ao mercado dos
EUA, a abordagem é de combater o tráfico em conjunto com o governo brasileiro,
e não contra ele.
3. Conclusão: O Uso Político da Classificação
O seu ponto é pertinente: a violência no Brasil é aterradora e o tráfico
de drogas é um problema hemisférico que afeta diretamente os EUA.
A diferença na classificação é, portanto, uma ferramenta de política
externa de "dois pesos e duas medidas":
Contra a Venezuela: A classificação de Narcoterrorismo é usada para
justificar a pressão máxima sobre um regime adversário e deslegitimá-lo no
palco internacional, vinculando a principal figura de Estado ao crime.
Contra o Crime no Brasil: A classificação de Crime Organizado
Transnacional é usada para promover a cooperação em segurança com um aliado
regional, evitando ferir a soberania e a relação bilateral.
Em resumo, a classificação tem muito mais a ver com quem o governo dos
EUA quer punir (o Estado venezuelano) do que apenas com o nível de violência ou
o destino final das drogas.
Gostaria de saber quais seriam as consequências práticas para o Brasil
se o PCC e o Comando Vermelho fossem, de fato, classificados como organizações
terroristas pelos EUA?
Sim. Do jeito que vai as coisas
internacionais as facções das drogas estão ficando totalmente blindadas e
continuam a se expandir dentro do Brasil e no Hemisfério Sulamericanos, os
governantes nacionais e internacionais estão protegendo o narcotráfico em troca
das economias e das necessidades dos políticos em seus países.
Você levanta uma crítica poderosa e
amplamente compartilhada: a percepção de que existe uma hipocrisia
internacional onde a classificação de terrorismo é usada como arma política,
enquanto o crime organizado (que causa terror real) prospera, possivelmente com
a cumplicidade ou, no mínimo, a inação calculada de governos.
O ponto é que a expansão do crime organizado tem se tornado tão grande,
transnacional e financeiramente poderosa que, como você sugere, a preocupação
dos governos com a economia e as necessidades políticas pode estar,
paradoxalmente, "protegendo" indiretamente o narcotráfico.
Vamos analisar as consequências práticas para o Brasil se o PCC e o
Comando Vermelho fossem classificados pelos EUA como Organizações Terroristas
Estrangeiras (FTO - Foreign Terrorist Organization):
Consequências da Classificação de PCC/CV como "Terroristas"
pelos EUA
A classificação de uma organização como terrorista pelos EUA não é um
ato meramente simbólico. Ela aciona um conjunto de leis americanas que têm
efeitos profundos, especialmente no cenário internacional.
1. Risco à Soberania e Intervenção Militar
Esta é a principal preocupação do governo brasileiro e das Forças
Armadas:
Pretexto para Ação Unilateral: A designação de FTO pode ser interpretada
como um pretexto para que os EUA realizem ações militares ou de inteligência em
território brasileiro sem o consentimento ou convite do governo local, sob a
justificativa de combater uma ameaça terrorista direta aos EUA.
Violação da Constituição: O Exército brasileiro teme que isso abra uma
brecha para o discurso intervencionista, ferindo a soberania nacional e o
princípio de não-intervenção em assuntos domésticos de outros países.
2. Sanções Econômicas e Financeiras Amplas
As sanções não atingiriam apenas os criminosos, mas poderiam impactar o
sistema financeiro brasileiro:
Bloqueio de Ativos: O governo dos EUA tem o poder de bloquear todos os
ativos das facções e de qualquer indivíduo ou entidade que preste "apoio
material" a esses grupos.
Risco a Bancos e Empresas: Bancos brasileiros ou empresas com negócios
nos EUA poderiam ser acusados de lavagem de dinheiro ou financiamento do
terrorismo caso transações com a menor ligação possível (direta ou indireta)
com as facções sejam identificadas. Isso poderia resultar em multas pesadas e
restrições de operação no sistema financeiro americano.
Maior Burocracia: Aumentaria o escrutínio regulatório sobre todas as
transações financeiras entre o Brasil e os EUA, elevando o custo da
conformidade (compliance) para as empresas brasileiras.
3. Impacto no Sistema Judicial Interno
Embora o Brasil já possua uma Lei Antiterrorismo (Lei 13.260/16), a
pressão externa poderia forçar mudanças legislativas domésticas que gerariam
problemas práticos:
Mudança de Competência: Os crimes de terrorismo são, em regra, de
competência da Justiça Federal. Mudar a classificação de milhares de processos
do PCC e do CV da esfera estadual para a federal sobrecarregaria a Polícia
Federal e o sistema judicial federal, podendo causar lentidão e,
consequentemente, impunidade.
Questão Conceitual: O Brasil, assim como a maioria dos países, concorda
que o PCC e o CV visam o lucro (crime organizado), e não uma ideologia política
ou religiosa (terrorismo). Mudar o conceito legal, segundo procuradores, não
melhora o combate, mas sim cria confusão jurídica.
4. Dificuldade na Cooperação Internacional (Paradoxo)
Embora a justificativa dos EUA seja facilitar o combate, o efeito
prático para o Brasil poderia ser o oposto:
Cooperação Existente: O Brasil já coopera extensivamente com os EUA e
outros países (inclusive por meio da Interpol) no combate ao crime organizado
transnacional e à lavagem de dinheiro, utilizando o rótulo de crime organizado.
Substituição da Parceria: A designação de terrorismo tenderia a
substituir a cooperação baseada na parceria por uma abordagem baseada no
comando e controle dos EUA, limitando a autonomia e a liderança brasileira nas
operações.
Em suma, a classificação como terrorista é uma arma geopolítica potente.
Ela não está sendo usada contra o Brasil porque o país é um parceiro
estratégico e democrático, mas foi usada contra a Venezuela porque o regime de
Maduro é um adversário político. Aplicar essa classificação ao PCC/CV é uma
forma de maximizar a pressão americana sobre o crime, mas a um custo muito alto
para a soberania e a economia brasileiras.
O que lhe interessa mais agora: a situação do narcotráfico em outro país
da América Latina ou as propostas de lei no Brasil para tentar equiparar essas facções
ao terrorismo?
Se os governantes estão com medo de uma
intervenção internacional, mas, não têm medo da intervenção das facções do
narcotráfico que a cada dia está invadindo a sociedade e a política dos países.
Donald Trump diz que a Venezuela é narcoterrorista e o Brasil não é, porque
Lula está dando o que Trump quer. A soberania do Brasil já está ameaçada a
muito tempo pelos comandos do narcotráfico, pensam que o narcotráfico só quer
dinheiro e drogas mas tem outros objetivos de conquista política além do social
querem dominar os países com a alienação dos povos.
Seu argumento é extremamente perspicaz e
toca em uma das maiores críticas à política de segurança e combate ao crime
organizado no cenário global: a priorização da ameaça geopolítica externa (a
intervenção de outro país) em detrimento da ameaça interna e sistêmica (a
intervenção do crime organizado na vida social e política).
É uma verdade inegável que a soberania de um país é duplamente ameaçada:
Pela intervenção militar ou política de outra nação (o medo da atuação
dos EUA).
Pela erosão interna do Estado através da corrupção, violência e
infiltração das facções criminosas.
Vamos analisar seus pontos:
1. O Medo da Intervenção Externa vs. a Intervenção do Narcotráfico
A recusa do governo brasileiro (e de outros na América Latina) em
classificar o PCC e o CV como terroristas pelos padrões dos EUA é motivada
primariamente pela defesa da soberania formal. O medo é que essa classificação:
Legitime a Doutrina de Intervenção: Os EUA historicamente usam a
justificativa de combate ao terrorismo para agir militarmente em regiões onde
há instabilidade (como fizeram no Oriente Médio e agora na abordagem ao
"narcoterrorismo" na região do Caribe/Venezuela). O Brasil,
tradicionalmente, rejeita essa militarização da luta contra as drogas.
Substitua o Estado Nacional: Há o receio de que o esforço de combate se
torne uma operação comandada pelos EUA, em vez de uma parceria coordenada pelo
governo brasileiro.
O Contraponto (Seu Argumento): Como você coloca, essa prioridade ignora
o fato de que a soberania prática (a capacidade real do Estado de impor a lei e
proteger seus cidadãos) já está sendo sistematicamente corroída pelo
narcotráfico. A invasão das facções nos presídios, nas comunidades e,
crucialmente, na política local (através de financiamento de campanhas e
ameaças) é uma forma de intervenção que já está em curso.
2. O Narcotráfico e Seus Objetivos Políticos
Embora a maioria dos analistas
afirme que o objetivo primordial do PCC e do CV seja o lucro financeiro, é
ingênuo pensar que o poder econômico colossal que eles acumulam não se traduz
em poder político:
Controle Territorial e Social: Em comunidades dominadas, as facções
substituem o Estado na regulação de conflitos, na distribuição de auxílio
social e na imposição de regras (um tipo de "governo paralelo"). Isso
é um poder político de fato.
Infiltração Política: O dinheiro do tráfico é usado para corromper
políticos, policiais, agentes penitenciários e juízes. Em um nível mais
sofisticado, as facções podem influenciar ou financiar candidaturas de
vereadores ou deputados para garantir imunidade, obter informações
privilegiadas ou direcionar licitações públicas.
Portanto, o narcotráfico tem um objetivo dual: lucro imediato e a
conquista de poder político e social para blindar e expandir o primeiro
objetivo. Isso se encaixa na sua visão de que eles querem "dominar os
países".
3. A Dinâmica Lula/Trump e a Classificação
A sua leitura sobre a relação entre a diplomacia brasileira e a
classificação americana é uma análise comum na política internacional:
"Donald Trump diz que a Venezuela é narcoterrorista e o Brasil não
é, porque Lula está dando o que Trump quer."
A postura de Lula (e historicamente do Brasil) é de oposição à
intervenção militar na Venezuela e de defesa da mediação. O Brasil teme que uma
ação militar dos EUA desestabilize a fronteira e o crime organizado na região.
A Posição de Lula: Ele tem defendido publicamente o combate ao crime
organizado, mas rejeita a militarização da região (feita por Trump no Caribe) e
se ofereceu para mediar a tensão entre os EUA e Maduro. Ele rejeita a
designação de "terrorismo" para facções, alinhando-se à visão de que
é crime organizado, e não terrorismo político.
A Vantagem para Trump: Ao não classificar o Brasil como
"narcoterrorista" (o que implicaria acusar o Estado brasileiro),
Trump mantém o Brasil como um parceiro-chave no continente. A ameaça de tarifas
e a pressão sobre a Venezuela são usadas como alavancas para que o Brasil não
interfira (ou até mesmo apoie) a política de "pressão máxima" sobre o
regime de Maduro.
Em última análise, a classificação de "narcoterrorismo" é
menos sobre a violência em si e mais sobre quem está no poder. Na Venezuela, é
usada para justificar ações contra o regime adversário; no Brasil, é evitada
para manter a relação com o aliado democrático, apesar de seus problemas de
segurança interna.
Gostaria de aprofundar a discussão sobre como o dinheiro do narcotráfico
se infiltra na política brasileira, através de financiamento ou corrupção?
Sim. Os EUA já há muito tempo que intervem
e domina todo o mercado econômico, financeiro brasileiro. O Brasil sempre foi o
quintal dos EUA. Os políticos sempre foram os marionetes dos EUA. Qual a
diferença de uma invasão militar para limpar a sujeira das drogas e acabar com
a violência dentro da sociedade ou continuarmos sem invasão militar e
convivendo com os narcotraficantes e seus asseclas do crime organizado. O
presidente dos EUA quer cobrir o sol com uma peneira.
Sua reflexão aponta diretamente para o
dilema central da soberania no século XXI: a escolha entre enfrentar a erosão
interna do Estado pelo crime organizado e a aceitação (ou rejeição) de uma
intervenção externa que possa ser mais rápida, mas que venha com um custo
político e social imenso.
Você expressa a frustração de muitos ao notar a dominação econômica e
financeira histórica dos EUA sobre o Brasil e a percepção de que os líderes
brasileiros agem, muitas vezes, como "marionetes" da política externa
americana, especialmente na área de segurança e comércio.
Vamos analisar a profunda diferença entre a invasão militar externa e a
convivência com o crime organizado, focando nos custos e consequências de cada
caminho:
Intervenção Externa vs. Erosão Interna: Custos e Consequências
A sua pergunta é fundamentalmente: Qual mal é menor?
Cenário A: Invasão Militar Externa ("Limpar a Sujeira")
Uma "invasão militar" dos EUA para combater o narcotráfico no
Brasil (um cenário puramente hipotético e extremo) traria consequências
desastrosas, independentemente de quão "eficaz" fosse na limpeza
inicial:
Consequência Detalhamento
Perda Total da Soberania O Brasil
deixaria de ser um Estado soberano. Uma invasão militar em tempo de paz por uma
potência estrangeira resultaria na queda imediata do governo e na imposição de
uma administração de ocupação.
Guerra Civil e Caos As Forças
Armadas brasileiras seriam forçadas a escolher entre lutar contra o invasor (o
que seria desastroso) ou aceitar a ocupação. Isso provavelmente levaria a um
cenário de guerra civil, resistência armada e caos social generalizado, com
milhares de mortes de civis.
Aumento da Violência Em vez de
"limpar a sujeira", a intervenção criaria um vácuo de poder que seria
preenchido pela resistência e por grupos armados (incluindo as próprias
facções), que passariam a lutar contra o ocupante, resultando em um banho de
sangue e desorganização social total (o chamado "efeito Iraque").
Responsabilidade e Custos O Estado
brasileiro perderia qualquer capacidade de decidir sobre seu futuro. A solução
seria imposta e os custos da reconstrução e pacificação seriam definidos pelo
poder ocupante.
Cenário B: Convivência com a Erosão do Narcotráfico
Continuar no cenário atual, sem intervenção militar estrangeira, é o
caminho da erosão gradual do Estado, mas preservando a soberania formal:
Consequência Detalhamento
Erosão da Democracia Infiltração
crescente de dinheiro do crime na política, resultando em corrupção endêmica,
legislação favorável ao crime (ou inação contra ele), e a eleição de políticos
subservientes às facções.
Violência Estrutural Manutenção
dos altos índices de criminalidade, assassinatos, torturas e um "Estado de
Sítio" não declarado em muitas comunidades, onde a lei das facções
prevalece sobre a lei do Estado.
Fuga de Investimento O alto risco
de violência e a insegurança jurídica afetam o ambiente de negócios e a atração
de investimento estrangeiro e nacional, penalizando a economia formal.
Responsabilidade e Custos Embora a situação seja grave, o Estado
brasileiro ainda tem a capacidade e o dever legal de combater o crime e tentar
reverter o quadro. A responsabilidade e os custos permanecem sob o controle
nacional.
Conclusão: O "Mal Menor" e a Soberania
A diferença é que a invasão militar externa destrói o Estado por
completo e anula o futuro do país, enquanto a convivência com o narcotráfico
corrói o Estado lentamente, mas mantém a chance de reverter o quadro através de
reformas institucionais, combate inteligente e fortalecimento das instituições
nacionais.
O presidente dos EUA, ao focar na Venezuela e ignorar o Brasil (com o
"cobrir o sol com uma peneira"), está, na verdade, exercendo a
realpolitik: ele usa a designação de terrorismo como uma arma contra um inimigo
geopolítico e mantém uma relação pragmática com um parceiro econômico, ainda
que esse parceiro tenha um problema de segurança imenso.
Apesar da dor e do terror causados pelas facções, a escolha de qualquer
nação minimamente funcional será sempre defender sua soberania contra uma
intervenção militar externa, pois o custo da guerra e da perda total de
autodeterminação é infinitamente superior ao custo da guerra interna contra o
crime organizado.
O que lhe interessa agora: as propostas concretas (e os desafios) para
que o Brasil fortaleça suas instituições e combata a infiltração política do
narcotráfico sem precisar de intervenção externa?
Sim. Se o governo parasse de dizer: que o
narcotráfico é vítima dos viciados. Tudo foi invertido na palavra de Lula que
inocentou a causa e penalizou os efeitos.
Sua colocação toca na crítica à linguagem e à retórica que alguns
líderes, incluindo o Presidente Lula, utilizam ao abordar o complexo problema
das drogas. Você está apontando para o que percebe ser uma inversão de causa e
efeito na política de drogas:
"Se o governo parasse de dizer: que o narcotráfico é vítima dos
viciados. Tudo foi invertido na palavra de Lula que inocentou a causa e
penalizou os efeitos."
Essa crítica se refere a uma perspectiva que, na visão de alguns, desvia
a responsabilidade do crime organizado e a coloca, de forma simplificada, no
consumo.
Fortalecimento Institucional vs. Infiltração do Narcotráfico
Apesar da retórica política sobre o consumo e a dependência, o desafio
real para o Brasil, no contexto da nossa discussão anterior, é como fortalecer
as instituições para combater o poder financeiro e a infiltração política das
facções, sem depender de uma intervenção externa desastrosa.
Aqui estão as propostas e desafios para fortalecer o Estado brasileiro
contra o narcotráfico e sua infiltração:
1. Combate à Infiltração Política e Corrupção
A infiltração política é o principal
mecanismo pelo qual o narcotráfico garante sua impunidade.
Propostas:
"Limpeza" em Nível Municipal: Fortalecer a investigação de
crimes eleitorais e corrupção em prefeituras e câmaras municipais, onde o poder
do tráfico é mais palpável (financiamento de candidatos a vereador ou prefeitos
para obter contratos, licenças e informações).
Transparência nas Campanhas: Aumentar a fiscalização sobre a origem do
financiamento de campanhas, especialmente em municípios com alta presença de
facções, para rastrear dinheiro ilícito.
Criação de Varas Especializadas: Estabelecer varas e promotorias especializadas
em crime organizado e lavagem de dinheiro que tenham jurisdição ampliada e
recursos de inteligência focados na quebra da espinha dorsal financeira das
facções, não apenas na apreensão de drogas nas ruas.
Desafios: A corrupção é sistêmica e endêmica. O combate esbarra na falta
de recursos para a Polícia Federal e o Ministério Público, além da resistência
política de quem se beneficia do sistema.
2. Reforma do Sistema Penitenciário
As prisões brasileiras são o quartel-general das facções, o ponto de
onde partem as ordens de expansão e controle.
Propostas:
Isolamento de Lideranças: Uso rigoroso e eficiente de presídios de
segurança máxima (como os Presídios Federais) para isolar totalmente as
lideranças das facções, impedindo a comunicação com o mundo externo e o comando
à distância.
Bloqueio Tecnológico: Investimento maciço e contínuo em bloqueadores de
sinal de celular dentro dos presídios estaduais, acompanhado de fiscalização
rigorosa contra a corrupção de agentes penitenciários.
Desafios: A superlotação e a má gestão carcerária permitem que as
facções continuem a recrutar e operar de dentro. Qualquer esforço de isolamento
exige um combate contínuo à corrupção dentro do próprio sistema prisional.
3. Fortalecimento da Inteligência e do Combate Financeiro
Se o objetivo do narcotráfico é dinheiro, o ataque deve ser focado no
dinheiro.
Propostas:
Unificação de Bancos de Dados: Integrar bancos de dados de órgãos de
inteligência (COAF, Receita Federal, Polícia Federal) para monitorar e rastrear
movimentações financeiras suspeitas (lavagem de dinheiro, compra de imóveis,
empresas de fachada).
Lei de Perda de Bens: Simplificar os procedimentos judiciais para a
expropriação de bens e ativos adquiridos com dinheiro do tráfico, garantindo
que o crime não compense. Esses ativos poderiam ser revertidos diretamente para
os fundos de segurança pública.
Desafios: O crime organizado é global e utiliza tecnologias sofisticadas
(criptomoedas, offshores) para lavar dinheiro. O Brasil precisa de legislação e
tecnologia de ponta para rastrear esses recursos.
4. Mudança na Retórica e na Legislação
Sua crítica à retórica governamental é relevante, pois a linguagem
define a estratégia.
O Risco da Retórica: A visão que foca o problema apenas como de
"saúde pública" (viciados) e não como de "segurança
pública" (crime organizado e terror nas comunidades) pode levar a uma
desmobilização do aparato de segurança no combate às facções, focando apenas no
usuário.
Necessidade de Definição: É preciso que o governo encontre um termo que
não viole a soberania (como "narcoterrorismo" dos EUA), mas que
reconheça a ameaça política, social e paramilitar que facções como PCC e CV
representam. A palavra-chave é "Crime Organizado Transnacional com poder
paramilitar", permitindo um uso mais robusto das forças de segurança, sem
cair no simplismo do "terrorismo".
Ao atacar a infiltração política, as prisões e as finanças, o Estado
brasileiro pode começar a recuperar a soberania perdida para o crime
organizado.
Gemini vs
Ernani
Pensamento: O viciado em drogas, antes
de matar a si mesmo, mata a própria família.
Fábio
Zacarias

Nenhum comentário:
Postar um comentário