
ASTEROIDE E EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA
CIÊNCIA E ESPAÇO
DART: conheça a missão que vai desviar um
asteroide para defender nosso planeta.
Por Rafael
Arbulu, editado por André Lucena
22/11/2021 13h15, atualizada em 22/11/2021 13h56
Nesta semana a agência espacial
norte-americana (Nasa) vai lançar uma de suas mais importantes, e ambiciosas,
missões até o momento. Batizada de Dart (Double
Asteroid Redirect Test, Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo),
ela vai enviar uma pequena espaçonave para colidir contra Dimorphos, “lua” do
asteroide Didymos, numa tentativa de alterar sua rota.
O teste vai avaliar a viabilidade de uma
solução para uma pergunta que muitos – astrônomos ou não – já fizeram em algum
momento: se um asteroide vier em nossa direção, podemos explodi-lo? Se não,
podemos desviá-lo?
Se na sua cabeça estão passando flashbacks
do filme Armageddon, com Bruce Willis, em primeiro lugar, nos desculpe por
colocar “aquela” canção do grupo Aerosmith em sua mente. Em segundo lugar,
vamos com calma: a premissa do filme é a de explodir um asteroide que ameaça a
vida na Terra. Na vida real as agências espaciais do mundo até consideraram
esta possibilidade, mas atualmente todas concordam que desviá-lo para uma
órbita mais segura seria o melhor curso de ação.
Imagem do Vesta, para ilustrar matéria
sobre como a Nasa pretende lançar uma nave para se chocar contra um asteroide.
Dando um significado científico à
expressão “um soco no queixo resolve”, a Nasa quer mandar uma espaçonave para
bater com toda a força em um asteroide no espaço (Imagem: Nasa/Divulgação)
Isso porque, se
explodirmos um asteroide, não temos certeza do que pode acontecer. Em vez de
uma grande rocha, podemos acabar com centenas de rochas menores, mas ainda assim
grandes o suficiente para destruir cidades. E em vez de um único impacto,
digamos, no meio do Oceano Pacífico, que ameaçaria no máximo regiões costeiras,
podemos acabar enfrentando a possibilidade de múltiplos impactos em várias
cidades de um hemisfério, por exemplo.
Conhecendo o alvo
O alvo da DART é um sistema binário
composto por dois asteroides: o maior, Didymos, tem cerca de 780 metros de
extensão, enquanto sua “Lua”, Dimorphos, tem 160 metros. A missão DART vai
mirar nessa rocha menor, esperando que o impacto direto contra ela seja
suficiente para os satélites de observação da Terra analisarem possíveis
mudanças em sua trajetória.
“Isso vai mostrar para nós qual é a
viabilidade de uma técnica chamada ‘impactador cinético’ para desviar a órbita de
um asteroide e determinar se isso pode ser uma opção utilizável, pelo menos em
asteroides menores, que estão entre os mais prováveis em risco de impacto [com
a Terra]”, disse Lindley Johnson, Oficial de Defesa Planetária da Nasa, no
começo deste ano ao Space.com.
O que Johnson diz é verdade: quando
pensamos em “impacto de asteroide”, a cultura
pop nos condicionou a pensar no evento cataclísmico de uma rocha espacial com
vários quilômetros de extensão, da qual um único choque varreria a humanidade
da existência.
Cientistas encontram no espaço objeto que
é um asteroide, mas também é um cometa; entenda.
Pesquisador brasileiro explica como
ocultações estelares levam a descobertas astronômicas.
Conheça Kleopatra, asteroide em formato de
osso que tem duas luas.
Não que isso seja impossível: o bólido que
criou a Cratera de Chicxulub e causou a extinção dos dinossauros ao cair no que
hoje é a Península de Yucatán, no México, não passava de 10 quilômetros, e veja
o que ele fez. Mas hoje, objetos bem menores que isso já estão no nosso radar e
estratégias de antecipação podem ser executadas rapidamente.
Os asteroides menores, porém, podem ser um
problema: nem toda a nossa tecnologia consegue identificá-los de longe, e ver
um problema só quando ele chega perto… bem, não nos dá uma janela favorável de
tempo para reação.
Não há nenhum risco de choque de Didymos e
de seu companheiro contra a Terra mas, se houvesse, ele não destruiria a
humanidade. Ainda assim, seria capaz de um grande estrago: estimativas afirmam
que um asteroide de 150 metros de extensão, mais ou menos o tamanho de
Dimorphos, poderia destruir um estado dos EUA em caso de impacto direto não
mitigado.
Em outras palavras: se errarmos, nada muda
com o asteroide, que não nos atingirá. Se acertarmos, então ele ficará ainda
mais distante de nós, com a contrapartida de que teremos um meio de defesa
comprovado contra impactos futuros.
Testando
tecnologias
A DART também serve de plataforma de
testes para novas tecnologias, duas das quais podem ter impacto significativo
em missões de exploração futuras. São elas um propulsor iônico à base de
Xenônio e um novo tipo de painel solar mais flexível (ROSA, Roll-Out Solar
Array).
Um propulsor iônico ioniza um gás neutro
extraindo alguns elétrons de seus átomos, criando uma “nuvem” de íons
positivos, que são acelerados por um campo elétrico e ejetados no espaço. Pela
lei da ação e reação, isso gera um impulso de mesma intensidade e em sentido contrário
na espaçonave.
Este impulso é inicialmente imperceptível,
mas como não há atrito no espaço a aceleração se acumula à medida que milhões
de íons são ejetados, o que torna possível acelerar uma espaçonave a
velocidades significativas usando uma fração do combustível que seria
necessário em um propulsor químico tradicional. É o ditado “de grão em grão, a
galinha enche o papo” aplicado ao espaço.
Já os painéis solares são similares aos
iROSA recentemente instalados na Estação Espacial Internacional ao longo de
várias caminhadas espaciais. Mas
intercaladas com as células tradicionais estão novas células solares,
desenvolvidas pelo Laboratório de Física Aplicada (APL, Applied Physics
Laboratory) da Universidade John Hopkins, que produzem três vezes mais energia
do que os painéis tradicionais.
DART viajará por
um ano antes do impacto
A missão DART será lançada às 3h21 desta
quarta-feira (24), horário de Brasília, partindo da Base Vandenberg da Força
Espacial norte-americana, na Califórnia, a bordo de um foguete Falcon 9 da
SpaceX. Após chegar ao espaço, começa a longa viagem até o alvo: a estimativa é
que o impacto ocorra entre 26 de setembro e 1º de outubro de 2022, quando os
asteroides estarão a uma distância de 11 milhões de km da Terra.
Se tudo correr de acordo com o planejado,
a DART deve colidir contra Dimorphos a uma velocidade de 24 mil km/h. A
espaçonave será destruída no impacto, mas devido ao seu pequeno tamanho (um
“cubo” de aproximadamente 130 cm de lado, sem contar antenas e painéis solares)
e peso (550 kg no momento do impacto) para o asteroide a colisão será mais como
um “peteleco” do que como um chute de Roberto Carlos. Ainda assim, mesmo o menor empurrão é
suficiente para, ao longo do tempo, influenciar significativamente a trajetória
do asteroide.
A DART não viajará sozinha: uma segunda
nave, operada pela agência espacial italiana (ISA), chamada “Light Italian CubeSAT for Imaging Asteroids”, ou “LICIACube”, para os íntimos, estará nas imediações, no
intuito de registrar imagens do resultado do impacto.
Não estamos em
perigo, por enquanto
Agências espaciais monitoram ativamente os
chamados PHAs (Potentially Hazardous Asteroid, ou
Asteroides Potencialmente Perigosos). Pela definição da União
Astronômica Internacional (IAU, International
Astronomical Union), recebem essa classificação todos os objetos a uma
distância de até 1,3 unidades astronômicas (uma unidade
astronômica, ou UA equivale a mais ou menos 150 milhões de quilômetros)
cuja órbita cruze a da Terra a uma distância de menos de 7,5 milhões de Km
(0,05 UA) e que tenham potencial para causar danos regionais significativos em
caso de impacto, o que ocorre com asteroides com mais de 140 metros.
Mas podemos ficar tranquilos. Ao menos
entre os asteroides conhecidos, nenhum apresenta risco de colisão com nosso
planeta nos próximos 100 anos.
Comentário:
Os cientistas estão preocupados com asteroides
que possam destruir o planeta Terra. Não sabem eles que, os asteroides já estão
aqui na Terra destruindo o planeta. Estão jogando dinheiro no lixo. Esse
dinheiro deveria estar sendo aplicado aqui na Terra e não no espaço. O planeta
está com bilhões de asteroides destruindo a Terra. O maior asteroide do
universo são os seres humanos que está acabando com tudo e com todos. Não temam
as pedras cósmicas que estão à deriva, e sim, os seres humanos que nos rodeiam.
Ernani Serra
Pensamento:
Quem não vê os perigos são os cegos.
Ernani Serra